Planalto recebe filme de ex-estrategista de Trump

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Aliados de Steve Bannon enviaram a um “grupo seleto” no Planalto links para “Claws of the Red Dragon” (Garras do dragão vermelho), filme sobre a gigante chinesa Huawei, produzido pelo ex-estrategista de Donald Trump.

O objetivo de Bannon é preparar o entorno de Jair Bolsonaro para a visita do presidente à China, no fim do mês.

O americano é produtor executivo do filme, que foi lançado no final de setembro. A obra trata da prisão no Canadá de Feng Xiaozhou, diretora financeira de uma empresa de telecomunicações chinesa fictícia, chamada Huaxin.

Não é mera coincidência que a diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, tenha sido presa no Canadá no fim do ano passado, por causa de um pedido de extradição do governo americano. Ela e a Huawei são acusadas de desrespeitar sanções contra empresas iranianas, fraude e roubo de segredos comerciais.

No filme, discute-se a importância de não deixar a empresa chinesa dominar a tecnologia 5G, porque isso levaria a China a controlar o ciberespaço.

A telefonia de quinta geração —o chamado 5G—, que deve entrar em operação no Brasil até 2022, terá velocidades até cem vezes superiores às das redes atuais, facilitando o uso de carros autônomos e cidades com controle inteligente.

O governo americano vem pressionando para que países bloqueiem a Huawei. Segundo os americanos, empresas chinesas representam uma ameaça porque são obrigadas, pela lei de segurança nacional chinesa, a seguir determinações do Partido Comunista —e, portanto, não seriam confiáveis.

Austrália, Nova Zelândia e Vietnã cederam às pressões e vetaram a gigante chinesa de telecomunicações.

Bannon é membro-fundador do “Comitê sobre o Perigo Atual: China”. Trata-se da mais nova encarnação do “Comitê sobre o Perigo Atual”, que, criado nos 1950, propunha-se a combater a expansão da União Soviética.

O novo comitê tem como objetivo educar e informar sobre “as ameaças existenciais representadas pela China sob comando do Partido Comunista Chinês”. Entre as ameaças, o comitê cita a crescente militarização da China, a guerra informacional e política contra o povo americano e a guerra cibernética. “Como a União Soviética no passado, a China representa uma ameaça existencial e ideológica aos Estados Unidos e à ideia de liberdade.”

No release sobre o filme, Bannon afirma que a “Huawei é a maior ameaça à segurança nacional que nós já enfrentamos e a empresa já está no processo de dominação da tecnologia global pelo 5G e 6G”.

Bannon é interlocutor frequente do deputado Eduardo Bolsonaro e de integrantes do governo Bolsonaro.

Eduardo, o ministro Ernesto Araújo e o assessor internacional Filipe Martins se reuniram com Bannon em Nova York no mês passado, na véspera do discurso de Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU.

Durante a visita de Bolsonaro ao presidente Donald Trump, em março, Bannon participou do jantar em homenagem ao líder brasileiro.

Em conversas, integrantes do governo brasileiro afirmam que nenhuma empresa será barrada em telecomunicações, mas haverá critérios técnicos rígidos do governo para eliminar a possibilidade de “mau uso” da tecnologia – para evitar, por exemplo, espionagem. Os EUA já compartilharam com o alto escalão do governo Bolsonaro relatórios sobre o que veem como riscos representados pelas empresas chinesas

Da FSP