Bolsonarismo cria partido à parte dentro do PSL

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Foto: Reprodução

Ameaçados de expulsão, um grupo de deputados fiéis a Jair Bolsonaro se organizou para driblar o isolamento exercido pelo presidente Luciano Bivar e criou uma espécie de mini-partido independente dentro do PSL . A ideia é fazer sua própria articulação política, alheia aos interesses do PSL, e cooperar na criação da Aliança pelo Brasil , partido lançado oficialmente na última quinta-feira por Bolsonaro.

Chamada “Brasil Acima de Tudo”, a frente é composta por seis parlamentares, que cuidarão de suas respectivas atribuições. Fazem parte do grupo os deputados federais Luiz Philippe de Orleans e Bragança (coordenação de comunicação social), Filipe Barros (coordenação operacional), Caroline de Toni (coordenadora político-partidária), Bia Kicis (coordenadora de relações institucionais), General Girão (coordenação de relações institucionais militares e policiais) e Carla Zambelli (coordenação de publicidade e marketing).

Bragança diz que o grupo não tem hierarquia e que vai ter agenda própria até os seus membros poderem se filiar ao Aliança pelo Brasil. Ele não descarta a adesão de outros voluntários que quiserem contribuir.

— É uma frente dentro do PSL. (Além da coleta de assinaturas), vai ajudar também na comunicação com ativistas que são a base do PSL. Nós estamos com risco de ser expulsos do partido. No entanto, ficamos aqui com o corpo coeso que vai agir como partido, mesmo que independente, até a formação de um novo partido — declara o deputado.

A deputada Carla Zambelli, que cuidará das redes sociais e marketing da frente, afirma que o planejamento do grupo é ainda incipiente e que os deputados não decidiram como vão trabalhar. General Girão preferiu minimizar a atuação do grupo e afastou a ideia de que vá ajudar na coleta de assinaturas do novo partido de Bolsonaro.

— Em função de uma postura que o PSL está adotando contra nós, resolvemos criar grupos de estudo, e a maneira de fazer isso foi criar essa frente. É só isso. O Aliança é outra situação — diz Girão.

Um grupo de pelo menos 20 deputados, do qual fazem parte, além dos integrantes da frente “Brasil acima de tudo”, nomes como Eduardo Bolsonaro, Major Vitor Hugo, Carlos Jordy e Alê Silva, foi apartado da vida partidária do PSL após a crise entre Bolsonaro e Bivar. Eles ficaram ao lado do presidente da República e se voltaram contra o dirigente nacional quando os atritos entre os dois explodiram.

Como desdobramento da guerra fratricida gerada no PSL, o partido instalou o Conselho de Ética para julgar 19 parlamentares notificados por indisciplina. A ala bolsonarista, no entanto, conseguiu na Justiça uma liminar suspendendo qualquer tipo de punição aos deputados. A decisão do juiz Alex Costa de Oliveira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF), tornou sem efeito os processos disciplinares abertos pelo PSL contra Eduardo Bolsonaro e os outros 18 do grupo.

Com o isolamento dos bolsonaristas, aliados de Luciano Bivar, como Júnior Bozzella e Joice Hasselmann, ganharam espaço na sigla. Joice deve ter o caminho livre para pavimentar sua candidatura à Prefeitura de São Paulo no ano que vem. Bozzella, por sua vez, passou a integrar a executiva nacional e abraçou a articulação política do PSL.

O Globo