J. Torres

Colombianos resistem ao toque de recolher

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Centenas de pessoas desafiaram o toque de recolher imposto pelas autoridades em Bogotá na noite desta sexta-feira (22/11) e realizaram atos contra o governo em diversos pontos da capital. As amplas demonstrações de insatisfação com as políticas do governo nos últimos dias levaram o presidente colombiano, Iván Duque, a convocar um “diálogo nacional” com todos os setores da sociedade, numa tentativa de apaziguar os ânimos.

Os atos em desobediência à proibição de circulação ocorreram depois de mobilizações de grande porte, majoritariamente pacíficas, que foram seguidas de saques, distúrbios e choques intensos entre manifestantes e policiais.

Durante a noite, manifestantes também se reuniram em frente à residência particular de Iván Duque, onde realizaram um panelaço. O protesto terminou sem violência, uma hora após o limite imposto pelo toque de recolher.

O ministro colombiano da Defesa, Carlos Holmes Trujillo, disse que os “atos de vandalismo” haviam sido superados até meia-noite no horário local, e que o toque de recolher estava sendo cumprido em cerca de 90% da capital

Nas ruas esvaziadas de Bogotá, que desde 1977 não vivia um toque de recolher, se via escombros em chamas, lixos revirados e vidros quebrados em estações do transporte público, que teve seus serviços interrompidos e deixou milhares de cidadãos com dificuldades para retornar ás suas casas.

Com a popularidade no vermelho, o presidente reagiu às manifestações que evidenciaram um amplo descontentamento com o seu governo convocando um “diálogo nacional com todos os setores políticos e sociais”.

“A partir da próxima semana, darei início a uma conversação nacional que possa fortalecer a agenda vigente de política social, trabalhando de maneira unida em uma visão de médio e longo prazo que nos permitirá fechar as brechas sociais”, disse o presidente.

Duque, de 43 anos, disse que serão utilizados “meios eletrônicos e mecanismos participativos” nos diálogos e será estabelecido um cronograma para “edificar um caminho significativo de reformas”.

O estopim das manifestações foram as propostas do governo de flexibilizar o mercado de trabalho e o sistema previdenciário, mas outras causas também foram adicionadas por diferentes setores da sociedade, como sindicatos, estudantes, camponeses, partidos de oposição e indígenas. Estes últimos pedem maior proteção, após o assassinato de 134 membros de suas comunidades desde o início do governo de Duque.

Uma queixa em comum a todos os grupos é à política de segurança do governo, centrada no combate ao narcotráfico, além do assassinato de vários líderes sociais e da intenção de modificar o acordo de paz assinado entre o governo anterior e os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Alguns ex-membros da guerrilha também participaram dos protestos.

O saldo de feridos nos dois dias de manifestações foram de 122 civis e 151 membros das forças de segurança.

Em Santander, no departamento de Cauca, três polícias morreram e sete ficaram feridos em um ataque com explosivos contra uma central de polícia. As mortes, porém, não estavam relacionadas aos protestos e resultaram da onda de violência de grupos armados na região.

DW