Contas externas ladeira a baixo

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As contas externas brasileiras ficaram deficitárias no mês de outubro . O chamado déficit em transações correntes — quando o volume de dinheiro que sai do Brasil supera o montante que entra no país — foi de US$ 7,9 bilhões no mês, informou o Banco Central (BC) nesta segunda-feira. Esse é o pior resultado para o mês em cinco anos.

O montante ultrapassa a estimativa da própria autoridade monetária para o mês, que projetava um rombo de US$ 5,8 bilhões. No mesmo mês do ano passado, o saldo, também negativo, foi de US$ 2 bilhões. Para novembro, o BC estima o mesmo déficit nas contas externas, de US$ 5,8 bilhões.

Segundo o BC, o déficit do mês de outubro foi puxado pela redução do superávit da balança comercial brasileira, que foi de US$ 5,3 bilhões para US$ 490 milhões. Além da compra e venda de mercadorias e serviços entre o Brasil e outros países, o resultado da transações correntes também considera operações de transferência de renda entre o Brasil e outros países.

O chefe do departamento de estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, explica que a redução do superávit da balança comercial representou 82% no rombo das transações correntes no mês, puxado por menos exportações e mais importações.

— Pode-se observar redução na balança comercial principalmente pela redução das exportações. Enquanto que nas contas de serviços e rendas temos ligeiro aumento no déficit no mês e uma estabilidade no ano — afirma.

No acumulado do ano até outubro, o balanço de pagamentos do país também foi deficitário. O rombo foi de US$ 45,6 bilhões, ante cerca de US$ 32,3 bilhões no mesmo período de 2018 – uma alta de mais de 40%. Esse é o pior resultado para o período de janeiro a outubro desde 2015, quando o déficit chegou a US$ 52,1 bilhões nos dez primeiros meses do ano.

O BC também informou que, em outubro, o volume de investimento direto no Brasil chegou a US$ 6,8 bilhões. O montante ficou aquém do registrado no mesmo mês de 2018, quando esse tipo de investimento chegou a US$ 8,1 bilhões.

No acumulado do ano, porém, o cenário é positivo: os investimentos estrangeiros diretos chegaram a US$ 62,1 bilhões, valor cerca de 2% maior que o registrado nos primeiros dez meses do ano passado, US$ 60,7 bilhões. Dessa maneira, o rombo acumulado das contas externas no ano, de US$ 45,6 bilhões, foi coberto. Na avaliação de Fernando Rocha, o indicador tem apresentado “fluxos robustos e significativos”.

Já os investimentos em carteira, que abarcam a bolsa de valores e o mercado de renda fixa, recuaram US$ 4,5 bilhões em outubro. Esse é o terceiro mês seguido de saída desse tipo de investimento no país. Segundo Fernando Rocha, a continuidade chama a atenção:

— Nos investimentos em portfólio, é o terceiro mês seguido de saídas do país, agosto, setembro e outubro. Até então, alternávamos entre resultados positivos e negativos, mas agora, em outubro, temos o terceiro mês de saídas seguidas — disse.

Gastos no exterior

Em outubro, os brasileiros gastaram US$ 1,5 bilhões em viagens internacionais. O valor ficou abaixo do que foi gasto no mesmo mês do ano passado, quando US$ 1,6 bilhões foram deixados lá fora. Esse tipo de gasto vêm caindo na esteira da forte alta do dólar, que deixa as viagens mais caras.

De acordo com o BC, essa é a menor despesa líquida com viagens ao exterio r desde outubro de 2016 . Se considerado o período de janeiro a outubro, esse tipo de despesa também chegou ao menor patamar em três anos. Nos dez primeiros meses de 2019, as despesas de brasileiros no exterior somaram US$ 14,8 bilhões, montante 4% menor frente ao mesmo período do ano passado, quando foram gastos US$ 15,4 bilhões.

O gasto dos estrangeiros por aqui também diminuiu. Em outubro do ano passado, os turistas deixaram US$ 456 milhões no Brasil. Este ano, o gasto ficou em US$ 442 milhões. Assim, a conta de viagens do país ficou deficitária em cerca de US$ 1 bilhão no mês passado.