Incerteza política faz dólar disparar

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Foto: Reuters

Após abrir em ligeira alta, o dólar apresentava queda frente ao real nesta terça-feira, no dia seguinte de fechar em uma cotação recorde acima dos R$ 4,20 na sessão anterior. Logo após a abertura do mercado, às 9h13m, a moeda americana avançava 0,07%, a R$ 4,208 na venda, mas começou a recuar, sendo cotada, às 10h48m, a R$ 4,1970 (-0,22%). No meio da manhã, no entanto, chegou a tocar a máxima do pregão a R$ 4,2203.

O dólar à vista fechou numa máxima recorde de 4,2061 reais na venda na segunda-feira, com alta de 0,3%, em meio ao pessimismo sobre um acordo preliminar entre EUA e China. Na B3, o dólar futuro de maior liquidez registrava queda de 0,41%, a 4,201 reais.

Na bolsa paulista, o tom positivo prevalecia nesta manhã, véspera de feriado em São Paulo, em movimento favorecido pelo viés benigno em mercados acionários no exterior, tendo as ações da Vale entre os principais suportes do Ibovespa. Às 10h07m, o principal índice de ações da B3 subia 0,44%, a 106.733,39 pontos.

Os investidores aguardam novidades sobre as negociações comerciais entre Estados Unidos e China e a participação em audiência no Senado do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em busca de pistas sobre a atuação do BC diante da força da moeda americana.

Guerra comercial x dólar
A retórica comercial, responsável pela alta do dia anterior, era mais uma vez o centro das atenções nos mercados, com os investidores à espera de novos acontecimentos na prolongada disputa entre as duas maiores economias do mundo.

Na segunda-feira, a CNBC informou que o humor em Pequim sobre um acordo comercial com os Estados Unidos é pessimista, devido à relutância do presidente norte-americano, Donald Trump, em retirar tarifas, o que pesou sobre o apetite por risco.

“Essa incerteza em relação ao futuro e as várias estimativas mostrando o menor crescimento da economia global devido à disputa pioraram o sentimento”, explicou Denilson Alencastro, economista-chefe da Geral Asset.

No entanto, a notícia de que o governo dos Estados Unidos anunciou uma nova extensão de 90 dias na licença que permite que empresas norte-americanas sigam fazendo negócios com a chinesa Huawei fornecia certo alívio para o real.

Atenções se voltam ao BC
Com o dólar em níveis recordes, as atenções também se voltam para o Banco Central, em busca de pistas sobre sua atuação frente à superação dos R$ 4,20, considerado por muitos como um patamar de resistência da moeda.

Para Camila Abdelmalack, economista da CM Capital Markets, ainda não há expectativas de atuação do BC, já que o real apenas seguiu o movimento de outras moedas emergentes no decorrer das últimas sessões.

“O que faz sentido em relação a uma atuação do BC mais agressiva é quando o real não está seguindo outras moedas vizinhas”, disse. “A gente tem que esperar pra entender se essa alta é um movimento que veio para ficar. O que dá a entender é que ainda está em linha com outras emergentes.”

Nesta terça-feira, a as moedas emergentes pares do real, como o peso mexicano, o rand sul-africano e a lira turca, registravam altas contra a moeda norte-americana.

Mais cedo, o BC cancelou os leilões de swap cambial reverso e dólar à vista desta terça-feira, devido ao feriado de quarta-feira em São Paulo pelo Dia da Consciência Negra.

O BC comunicou ainda que na quarta-feira não haverá oferta simultânea de dólar à vista e de contratos de swaps. “Os volumes que seriam ofertados nesses dias serão distribuídos nos demais dias úteis do mês”, disse.

O Globo