Bolsonaro promete lealdade a Trump

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Foto: Carlos Barria/Reuters

Mesmo diante de decisões que prejudicam a economia brasileira, o presidente Jair Bolsonaro garantiu que não irá “dar as costas” ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de quem já afirmou ser “fã”. Ontem, Bolsonaro minimizou a taxação de aço e alumínio produzidos no Brasil.

“Não tenho idolatria por ninguém, mas tenho uma amizade… não vou falar amizade, eu não frequento a casa dele, né, mas tenho um contato bastante cordial”, afirmou. “Não tenho decepção. Não é porque um amigo meu fala grosso em uma situação qualquer que eu vou dar as costas para ele”.

O presidente afirmou que o governo possui, agora, as informações sobre a taxação dos produtos brasileiros e seguirá em negociação com os Estados Unidos. O objetivo é tentar minimizar prejuízos e não encerrar outras tratativas já em andamento.

“Nós importamos etanol deles, eles querem agora e está bastante avançado mandar trigo para a gente. Mas nós somos os pobres da história. Não sei quantas vezes a economia deles é maior do que a nossa, várias vezes”, afirmou.

Questionado se fez contato telefônico com Trump, disse que não divulgaria a informação por ser uma “questão de Estado”. Bolsonaro entende que há exagero na repercussão. “Por enquanto não foi sobretaxado nada, só tem a promessa dele no Twitter.”

Embora mantenha o tom amistoso, Bolsonaro rebateu as afirmações de Trump de que o Brasil aumentou artificialmente a cotação do dólar para beneficiar exportações. Na postagem em que anunciou a taxação, o líder americano ressaltava que o aumento do dólar frente ao real está prejudicando agricultores de seu país. O presidente lembrou que até mesmo a guerra comercial entre EUA e China influencia no valor da moeda.

“Nós não queremos aqui aumentar artificialmente, não estamos aumentando artificialmente o preço do dólar”, disse. “O mundo está globalizado. A própria briga comercial entre Estados Unidos e China influencia o preço do dólar aqui.”

Em entrevista na saída do Palácio da Alvorada, o presidente também comentou as discussões na equipe econômica sobre possível privatização do Banco do Brasil.

“Se um servidor do terceiro escalão fala aquilo, não tenho nada a ver com isso, eu não tenho como controlar centenas de milhares de servidores no Brasil. De minha parte, não existe qualquer intenção de pensar em privatizar Banco do Brasil ou Caixa Econômica. Zero!”, afirmou, fazendo referência a reportagem do jornal “O Globo” que tratou dos estudos de privatização de BB.

Hoje Bolsonaro comandará a cúpula do Mercosul, na Serra gaúcha, em que pretende agir “de forma pragmática”. Segundo ele, mesmo que a Argentina tenha dado “guinada para a esquerda” com a eleição do peronista Alberto Fernández, manterá boas relações. “A gente vai para o pragmatismo. A gente brigando, a Argentina perde muito mais. Eu não quero perder nem um dedinho. Vamos continuar fazendo negócios”, finalizou.

Valor