Bolsonaro sinaliza queda de Weintraub

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Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS

Com o desempenho e o comportamento criticados por diversas alas do governo exceto pela dita “ala ideológica”, ligada ao escritor Olavo de Carvalho, Abraham Weintraub tem recebido elogios públicos de Bolsonaro, mas fontes próximas ao presidente asseguram sua situação é delicada.

“Não está previsto mudar. E se perguntasse se está previsto me separar da minha mulher? Não está previsto, vocês vão escrever: ‘olha, talvez ele mude, mas não está previsto’”, disse ontem Bolsonaro ao ser questionado sobre se o ministro tem o cargo ameaçado. “De acordo com as críticas que eles sofrem, por exemplo, o Weintraub, de acordo com os jornalistas que o criticaram, eu falei: ‘Weintraub, você não sai mais daí’ [do MEC]. Miriam Leitão, [Ricardo] Noblat criticando o Weintraub, é sinal que ele está funcionando.”

Apesar da defesa pública, Bolsonaro já há muito anda irritado com o comportamento espalhafatoso e polêmico do ministro.

Weintraub já chegou a chamar a mãe de uma internauta que o criticou no Twitter de “égua desdentada”. Mas o que azedou de vez o clima do ministro, sobretudo com a ala militar do governo, foi ter feito uma postagem a favor da monarquia no dia da Proclamação da República. Weintraub chamou o Marechal Deodoro da Fonseca de “traidor” que cometeu uma “infâmia” contra o então imperador Dom Pedro II.

Bolsonaro já convocou Weintraub ao Palácio para dizer que seu comportamento trazia mais dor de cabeça do que benefícios ao governo. “O presidente não é de largar ninguém na estrada, de uma hora para a outra. Ele vai avisando”, diz uma fonte.

Um auxiliar próximo do presidente afirma que alguns ministros também podem deixar o cargo para concorrer nas eleições municipais. Esse poderia ser o caso de Luiz Henrique Mandetta (Saúde), em Campo Grande. Embora a assessoria do ministério negue, essa possibilidade é comentada no Planalto e entre fontes no DEM.

No Congresso, a pressão pela substituição do ministro de Minas e Energia também continua. Parlamentares e empresários têm relatado dificuldades em marcar agendas e dar sequência a pautas do setor. No entanto, o almirante Bento Albuquerque tem prestígio no Planalto e é considerado um importante quadro técnico.

Outra área que exigirá ajustes é a articulação política. Embora não comentem a possibilidade de trocas específicas no Planalto, fontes ouvidas pelo Valor admitem que “politicamente, 2020 será um ano difícil”, e que a tramitação das reformas tributária e administrativa deverá ser “arrastada”.

Hoje, a articulação está a cargo de Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral). Porém, mesmo com os ajustes e apesar da amizade de Ramos com Bolsonaro, o governo continua com dificuldades em aprovar matérias de seu interesse no Congresso. Onyx Lorenzoni (Casa Civil) tem sido cobrado pelo pouco apoio do DEM ao Planalto. Trocas no núcleo mais próximo do presidente não estão descartadas.

A avaliação de auxiliares do presidente é de que o “tabuleiro político” voltará desarrumado do recesso, o que gera temor de estagnação das reformas tributária e administrativa.

Por outro lado, a equipe econômica tem recebido elogios. Além de Guedes, secretários de sua equipe e os presidentes do Banco Central, Roberto Campos Neto; do BNDES, Gustavo Montezano; e da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, terminam o ano em alta conta. Outra área considerada promissora é a de Infraestrutura. O ministro Tarcísio Vieira é considerado “um técnico muito capacitado”, com projetos promissores.

“Tarcísio tem na cabeça tudo o que o Brasil precisa em termos de infraestrutura”, diz um ministro.

Valor Econômico