Desmatamento faz com que empresas internacionais não comprem de brasileiras

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desmatamento acelerado no Brasil está pressionando fabricantes de alimentos, varejistas, investidores e operadores de commodities a reavaliar suas cadeias de suprimentos, em um esforço para se contrapor à limpeza de terreno e atingir metas ambientais.

Nestlé, que visa eliminar o desmatamento de suas operações nos próximos três anos, parou de comprar grãos de soja brasileiros da empresa Cargill, depois que uma revisão não conseguiu rastrear as oleaginosas de volta a plantações específicas, levantando preocupações de que foram produzidas em terreno convertido.

Hennes & Mauritz, dona da varejista sueca H&M, disse em setembro que não compraria mais couro de produtores brasileiros enquanto fornecedores não provassem que o seu gado não era criado ou alimentado por meio de terra desmatada. A VF, que faz sapatos para as marcas Timberland e a Vans, anunciou uma proibição similar sobre o couro brasileiro, que tem respondido por cerca de 5% do fornecimento de couro da companhia.

Uma das maiores exportadoras e processadoras de soja do mundo, a Cargill disse que está desenvolvendo e implantando novas tecnologias para analisar e prever atividades de limpeza de terreno, e apelando a produtores rurais que maximizem a produção em campos existentes em vez de limpar novos terrenos. A companhia prometeu em junho investir US$ 30 milhões em novas abordagens após reconhecer que ela e outras empresas de alimentos não atingiriam a meta de eliminar o desmatamento de importantes cadeias de suprimentos até 2020.

“Acreditamos que temos um compasso ético forte, e temos a obrigação de agir”, disse Ruth Kimmelshue, chefe de cadeia de suprimento e sustentabilidade da Cargill. A mudança de rumo da Nestlé não impactou significativamente as finanças da Cargill, disse.

A Caisse de dépôt et placement du Québec, que gera US$ 247 bilhões para dezenas de pensões e planos de seguro, disse em outubro que havia vendido a sua posição na gigante frigorífica brasileira JBS após grupos ambientalistas criticarem o gerente monetário para o seu investimento estimado em US$ 32 milhões. Um porta-voz da firma disse que a decisão seguiu uma análise das práticas da produtora de carne.

Um porta-voz da JBS disse que a empresa está comprometida a encerrar o desmatamento enquanto aprimora a subsistência de produtores na Amazônia. “Urgimos aqueles que compartilham o objetivo comum de dar fim ao desmatamento a buscar soluções em vez de críticas”, ele disse.

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que assumiu o mandato no começo deste ano, exortou os produtores rurais do seu país a expandir. Fazendeiros brasileiros estão colocando mais terra para a aragem à medida que as exportações de soja, milho e carne do país têm disparado, em parte porque tarifas chinesas sobre bens agrícolas dos Estados Unidos têm ajudado a tornar colheitas e carne brasileiras mais baratas.

A taxa de desmatamento na Amazônia atesta que bateu este ano o seu nível mais alto desde 2008, de acordo com dados do governo brasileiro divulgados em novembro, com mais de 6 mil quilômetros quadrados de floresta tropical perdidas ao longo dos 12 meses encerrados em julho de 2019.

Em resposta a isso, algumas companhias estão tentando proteger marcas conhecidas de serem ligadas à degradação ambiental. Crescentemente, a sustentabilidade ambiental informa as decisões de compra de consumidores, pressionando marcas a escrutinar como ingredientes e materiais básicos são produzidos.

Estadão.