Charley Gallay

‘Pai do Batman’ comenta censura de gibis

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Figurinha carimbada da CCXP, o quadrinista americano Frank Miller, em sua terceira participação no evento, mostrou que, além de trabalhar com brasileiros (como é o caso do ilustrador Rafael Grampá), está por dentro do que acontece nestas terras. “Ouvi dizer que alguns gibis foram censurados aqui”, comentou o escritor, pai do Batman moderno, em referência ao episódio no qual o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, tentou impedir que uma revista dos Vingadores circulasse na Bienal do Livro por causa de um beijo entre personagens homossexuais.

Questionado sobre a relação entre a política e as histórias em quadrinho, o famoso desenhista afirmou que o Cavaleiro das Trevas se relaciona com o assunto desde a época de Ronald Reagan e que quem se afeta com este tipo de paródia é, justamente, quem deveria ser afetado. “A gente se diverte com isso”, alfinetou Miller. O quadrinista Neal Adams, que também participava do painel sobre os 80 anos do Batman, explicitou um desejo para as novas aventuras do personagem. “Quero que ele jogue o Trump na cadeia. Ninguém vai produzir esse quadrinho, mas não custa sonhar”, disse.

A conversa contou ainda com a participação dos ilustradores Joelle Jones, Mikel Janin, Frank Quitely e Neal Adams, todos responsáveis por diferentes versões do aniversariante. Quando as adaptações cinematográficas do Homem Morcego entraram em pauta, Adams não poupou críticas ao filme Batman vs Superman, no qual o herói é vivido por Bem Affleck. “Fizeram o Batman do cinema usar o traje criado por Frank Miller sem que ele tivesse 80 anos. Parece que essas pessoas não leem os quadrinhos”, afirmou o desenhista, que rendeu elogios à concorrência. “O público assiste e pensa que, se filme não for bom, semana que vem haverá um filme da Marvel. A menos que surjam coisas boas como a Mulher Maravilha”, comentou.

A plateia, que lotou um auditório com espaço para 700 pessoas, abordou também a concorrência entre o mundo dos quadrinhos e do cinema. “As pessoas sempre perguntam se algum dia a gente vai ficar na frente dos filmes. Olha, todos os quadrinistas que eu conheço são capazes de escrever um roteiro que vale 250 milhões de dólares e ter outro pronto na semana seguinte. Estamos muito à frente do cinema”, ressaltou Adams, exalando otimismo. “Os Estados Unidos têm milhares de pequenas convenções e somos convidados para todas. Nestes eventos, sempre que uma criança pequena chega na minha mesa com os olhos brilhando, eu sei que este é o futuro”, completou.

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