57% dos paulistanos não participam da política na cidade

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Divulgação/Câmara Municipal de São Paulo

Cerca de 57% dos moradores de São Paulo não participam da vida política da cidade, segundo levantamento divulgado nesta quarta-feira (21) pela Rede Nossa São Paulo e pelo Ibope Inteligência. A pesquisa também mostra que o aumento do engajamento está diretamente relacionado com o aumento da escolaridade daqueles que vivem na capital paulista.

“Nós trabalhamos para contribuir para a melhora da qualidade de vida na cidade e uma das maneiras é revelar qual é a cidade que estamos, para, assim, fazer propostas de políticas públicas e programas”, disse o coordenador da Rede Nossa São Paulo, Jorge Abrahão em entrevista ao G1.

A pesquisa considera como participação na vida política do município ações como: assinar petições ou abaixo-assinados; compartilhar notícias sobre o município pelas redes sociais ou aplicativos de mensagem; participar de manifestações, protestos ou passeatas de rua; se envolver em trabalhos voluntários direcionados para pessoas carentes; colaborar com uma associação comunitária, de moradores ou sociedade de amigos do bairro; estar presente em audiências públicas presenciais; fazer parte de algum grupo artístico ou cultural, entre outros.

De acordo com a pesquisa “Viver em São Paulo. Qualidade de vida”, a maioria absoluta dos moradores da cidade de São Paulo não participa de atividades na Câmara Municipal. Cerca de 91% não participaram de atividades na casa nos últimos 12 meses.

Em relação à escolha dos governantes, 63% dos entrevistados não lembram em quem votaram para vereador nas eleições de 2016. Para os entrevistados, conhecer bem os problemas da região onde moram e ter visão de futuro são características fundamentais que um vereador deve ter.

Apesar da baixa participação na vida política, o estudo revelou que 21% daqueles que residem em São Paulo assinam petições ou abaixo-assinados e 9% participam de manifestações, protestos ou passeatas de rua.

O levantamento também mostra a confiança nas instituições daqueles que moram em São Paulo. O Metrô aparece como a instituição que possui o maior índice de confiança, seguido pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), e pela SPTrans.

Entre as entidades com o menor índice de confiança estão o Tribunal de Contas do Município, a Câmara Municipal de São Paulo e o Poder Judiciário, que caiu dez pontos em relação à mesma pesquisa feita em 2018.

“Aparece claramente que a gente tem um problema na confiança das instituições. O Metrô e a Sabesp são os itens com maior índice de confiança, enquanto que os itens que tem menos confiança são a Prefeitura, o Ministério Público e o Judiciário. Dessa forma, percebe-se que a política aparece como o que tem menos confiança e isso é uma coisa que a gente tem que olhar com muito carinho, porque a democracia depende da confiança na política e nas instituições”, disse Jorge Abrahão.

O coordenador da Rede Nossa São Paulo destaca que outro ponto relevante da pesquisa é a relação dos moradores com a cidade.

O estudo apontou que cerca de 38% dos entrevistados sentem muito orgulho de morar em São Paulo. Entretanto, 64% dizem que sairia da cidade.

“A população diz que tem orgulho de morar na cidade, isso é uma questão importante. Se relaciona ao valor de morar em uma cidade que tem alguns problemas, mas é uma cidade rica, que tem oportunidade, inovação, cultura, arte. As pessoas sentem um valor em relação a isso. Por outro lado, existe uma insatisfação com a relação à cidade, isso aparece muito em temas como uma cidade violenta, uma cidade desigual”, disse Jorge Abrahão.

Três em cada dez entrevistados declararam que esperança é o principal sentimento relacionado à cidade de São Paulo.

“As pessoas têm esperança em relação à cidade, entretanto, por outro lado, tem um grupo que diz que tem frustrações porque as promessas não estão se traduzindo em realidade”, afirma Abrahão.

Os entrevistados apontaram a violência como o aspecto mais negativo de São Paulo. Cerca de 28% apontaram que esse era o principal problema da cidade. Em 2008, o percentual era ainda maior, cerca de 40% dos entrevistados consideraram a violência o pior aspecto.

Na pesquisa “Viver em São Paulo. Qualidade de Vida” foram entrevistadas 800 pessoas de todas as regiões da cidade entre os dias 05 e 19 de dezembro de 2019.

Entre os consultados, 54% são mulheres e 46% homens.

G1