Bolsonaro critica Lula por intermediar acordo nuclear iraniano

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Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo em sua página no Facebook para assistir ao pronunciamento do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o ataque iraniano a bases no Iraque onde tropas americanas estão acantonadas. Bolsonaro passou pouco mais de oito minutos assistindo à transmissão da fala pela GloboNews, sem fazer comentários. Após o fim do pronunciamento,criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por tentar mediar um acordo envolvendo o programa nuclear do Irã, em 2010, e destacou que a Constituição brasileira define que o Brasil deve defender a paz e repudiar o terrorismo.

— Muitos acham que o Brasil deve se omitir no tocante aos acontecimentos. Queria dizer apenas uma coisa: o senhor Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto presidente da República, ele esteve no Irã. E lá defendeu que aquele regime pudesse enriquecer urânio acima de 20%, que seria para fim pacífico — afirmou o presidente.

O presidente voltou a citar Lula, defendeu o respeito às leis e citou o Artigo 4 da Constituição, que define as regras gerais da política externa brasileira, citando dois pontos: a “defesa da paz” e o repúdio ao terrorismo”.

— Complementaria apenas com uma questão: nós temos que seguir as nossas leis. Nós não podemos extrapolar. Mas acredito que a verdade tem que fazer parte do nosso dia a dia, porque nós queremos paz no mundo. Repito: o senhor Lula, enquanto presidente, esteve no Irã e lá defendeu, naquela época, junto ao senhor Ahmadinejad, que aquele país enriquecesse urânio acima de 20%, que era para fins pacíficos. A nossa Constituição aqui diz, no artigo quarto: “A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: a defesa da paz e no repúdio ao terrorismo”. Uma boa tarde a todos e que Deus abençoe o nosso Brasil.

Em 2010, o então presidente Lula foi a Teerã ajudar na negociação de um acordo em que o Irã se comprometia a utilizar energia nuclear para fins pacíficos. O compromisso foi firmado pelo então presidente do país persa, Mahmoud Ahmadinejad. O entao primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, hoje presidente, também participou da elaboração.

Apesar de Bolsonaro afirmar que Lula defendeu o enriquecimento de urânio acima de 20%, o acordo firmado em 2010 previa que o Irã enviasse para a Turquia 1.200 quilos de seu urânio levemente enriquecido (a 3,5%) e receberia de volta 120 quilos de combustível altamente enriquecido (20%).

Nesta quarta-feira, em publicação em redes sociais, Lula afirmou que Bolsonaro “não faz a menor questão de não ser um lambe-botas” de Trump.

“Na relação internacional sempre são dois interesses: o seu e o do outro. Você tem que sempre equilibrar o deles com o seu. O Bolsonaro não faz a menor questão de não ser um lambe-botas do Trump.”

O ex-presidente também defendeu o acordo de 2010, dizendo que o então presidente dos Estados Unidos Barack Obama “traiu o bom senso e decidiu aumentar a punição contra o Irã”. Em 2015, Obama comandou o acerto de outro acordo nuclear com o país persa, que foi posteriormente rompido por Trump.

O Globo