Brasil não consegue atrair ou reter talentos

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Foto: Reprodução

A desigualdade entre os países mais e menos competitivos na atração de talentos está aumentando e o Brasil corre o risco de ficar para trás se não melhorar sua capacidade de atrair empresas, as habilidades técnicas de seus profissionais e o ambiente regulatório e de negócios. O país ficou com o 80º lugar, entre 132 nações avaliadas pelo Índice de Competitividade Global de Talentos 2020, realizado por Adecco, Insead e Google.

A maioria dos países do topo da lista é de alta renda. Os cinco primeiros da edição de 2020 são Suíça, Estados Unidos, Cingapura, Suécia e Dinamarca.

A sétima edição do índice analisou a capacidade de um país em reter, atrair e capacitar talentos na era da inteligência artificial. Em comparação ao anterior, que analisou 125 nações, o Brasil caiu oito posições. Neste ano, aparece atrás da África do Sul, Azerbaijão e Turquia – principalmente pela baixa capacidade de atrair talentos (96ª posição no ranking) e devido ao fraco conjunto de habilidades vocacionais e técnicas (101ª). “Talentos externos, principalmente os criativos que geram valor, não veem o país como competitivo do ponto de vista de crescimento e desenvolvimento. Internamente, há limitações e falta capacidade para dar oportunidades às pessoas diversas”, afirma André Vicente, CEO da Adecco no Brasil.

O lado positivo que o relatório ressalta, diz Vicente, está no quesito “sólido sistema educacional” (56ª), que avalia se um país possui estrutura de educação, da infância ao mercado de trabalho, e no quesito “crescimento de talentos” (55º). “Comparado a outras nações, há boas práticas que permitem um crescimento melhor dentro do país”, afirma.

Entre as práticas consideradas importantes no contexto da 4ª Revolução Industrial, o relatório traz uma visão otimista a respeito de alguns esforços do país em debater uma estratégia nacional de inteligência artificial (no final de 2019, o governo federal abriu uma consulta pública a respeito da regulação de IA) e das instituições de ensino, pesquisa e startups brasileiras que contribuem para o avanço do conhecimento e formação de novos talentos.

Em um ranking de 2019, elaborado por Oxford sobre as nações preparadas para a inteligência artificial e citado na análise do Índice de Competitividade Global de Talentos 2020, o Brasil aparece na 40º posição entre 194 nações analisadas e, na América Latina, ficou em 4º, atrás de México, Uruguai e Chile.

O desafio envolvendo os talentos nesta nova era da inteligência artificial é que todos os países precisam de profissionais capacitados com novos conhecimentos. “Há uma guerra por talentos, entre países e grandes empresas, e elas tirarão da América Latina aquelas pessoas que têm as habilidades que elas buscam”, afirma o estudo.

Valor Econômico