Com desemprego, família escolhe entre comida e água

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo

Com a crise da água na Região Metropolitana do Rio, o preço da água mineral disparou em alguns lugares. A grande procura por garrafas e galões deixou vazias as prateleiras de muitos supermercados. Mas nem todos possuem condições de comprar água mineral em abundância. Desempregados, o casal José Airton Amorim e Solange Soares, um dos primeiros a denunciar a situação da água distribuída pela Cedae, conta que nos últimos dias a família já consumiu seis galões de água de 20 litros. Entre uma compra e outra, eles contabilizam o prejuízo que já está em quase R$ 100.

— Eu e ele estamos desempregados e sem a ajuda do INSS. Quem está nos ajudando é a nossa sogra. Ultimamente, estamos deixando de comprar alguns alimentos para a casa e para a nossa filha de 3 anos para comprar água — diz Solange Soares, 43 anos , que passou por uma cirurgia na coluna recentemente e está afastada. Além de beber e cozinhar, a família está utilizando da água mineral para escovar os dentes.

Recentemente eles ainda passaram por uma experiência ruim ao cozinhar com a água da torneira. Solange usou o líquido para cozinhar uma panela de arroz, e o alimento ficou com gosto de terra.

— Quando eu fui almoçar, o arroz estava com gosto de barro. Era um sabor estranho e ela confirmou que tinha usado a água da torneira — conta José Airton. A esposa precisou jogar a comida fora.

Já é possível observar a falta de água mineral em diversos bairros do Rio. Em Irajá, os moradores peregrinam pela região em busca do líquido. Por conta disso, o empresário Antônio Carlos de Oliveira Júnior, 44, encomendou de um parente — que mora em Maricá, na Região Metropolitana — seis galões de água de 20 litros. O pedido deve chegar até sexta-feira.

Enquanto isso Antônio Carlos terá que tentar comprar mais água para as cinco pessoas que moram com ele. Caso contrário, a família precisará racionar os últimos dois litros que sobraram.

— Moro com a minha irmã e as minha sobrinhas, uma delas criança. Já andei por vários mercados e nada. Vou ao Ceasa ainda hoje tentar comprar mais, caso contrário, terei que esperar a encomenda que fiz de Maricá — contou Antônio Carlos.

Segundo o empresário, ele tomou a atitude de comprar os galões de outra cidade porque está com medo da água vendida em alguns estabelecimentos do Rio não ser mineral.

— Pagarei um pouco mais caro, mas terei a certeza que a água que virá será de um manancial. Tenho medo que a água daqui, dependendo de onde eu comprar, seja de bica — afirmou.

Extra