Como o Brexit afeta o Brasil?

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Foto: Glyn Kirk/AFP

Mais de três anos após os britânicos votarem pela saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit finalmente se concretizará às 20h (horário de Brasília) desta sexta-feira. Adiado duas vezes, o fim do casamento só foi possível após a renúncia da premier Theresa May, eleições parlamentares e incontáveis horas de debate no Parlamento. Agora, o país entra em um período de transição que se estenderá até dezembro, no qual novas e complicadas negociações serão realizadas para definir os detalhes e acordos que marcarão a nova fase. Entenda, na prática, como o Brexit afetará o Brasil e a vida dos brasileiros:

Atualmente os brasileiros estão isentos de visto, e os britânicos também indicaram que não há perspectiva de acabar com isso.

Os brasileiros que não têm cidadania europeia precisavam de visto e permissão de residência antes mesmo do Brexit. Assim, a saída da União Europeia pouco deve afetar os cidadãos do Brasil que vivem legalmente em território britânico. Aqueles com cidadania europeia (exceto britânica) e que vivem naquele país deverão requerer autorização de residência até junho de 2021.

Existe a expectativa de uma abertura maior para intercâmbio estudantil, turismo, contratação de profissionais estrangeiros qualificados, entre outros pontos. Mas isso dificilmente se concretizará até o fim deste ano, prazo que os britânico têm para negociar um acordo sobre quais serão as regras de convivência e comércio com os países da União Europeia a partir de 2021.

Autoridades dos dois países já conversam informalmente sobre a possibilidade de lançarem as negociações para um acordo de livre comércio entre os britânicos e o Mercosul em 2021. Segundo fontes envolvidas no assunto, terá como vantagens a redução a zero da maioria das tarifas de importação e a expansão de cotas na importação de produtos agrícolas.

Em 2018, pouco mais de 1.700 empresas brasileiras exportaram cerca de US$ 3 bilhões em bens para os Reino Unido. O país é a quinta maior economia mundial e um dos principais mercados importadores globais, com importações equivalentes a 32% de seu PIB (£ 658 bilhões ao ano, em 2018). No setor de alimentos e bebidas, por exemplo, importa 50% do que consome. Com o Brexit, empresas brasileiras do setor poderiam disputar novas fatias desse mercado.

Segundo um estudo da consultoria alemã Bertelmann, o Brasil poderia obter ganhos comerciais de até 1,7 bilhão de euros ao ano em cenário de maior afastamento britânico do mercado comum europeu e de 940 milhões de euros ao ano em cenário de maior proximidade do bloco europeu.

O Globo