Ex-subsecretário é preso por descumprir acordo de delação

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Foto: Reprodução

O ex-subsecretário estadual de Saúde do Rio de Janeiro César Romero foi preso nesta quinta-feira em um escritório na Rua México, no Centro do Rio, por agentes da Polícia Federal (PF). A prisão foi noticiada pelo G1 e confirmada pelo GLOBO. Segundo a corporação, Romero foi detido por ter descumprido uma das cláusulas do acordo de delação premiada que assinou no âmbito da Operação Fatura Exposta, deflagrada em 2017 como uma das fases da Lava-Jato. Segundo a 7ª Vara Federal Criminal, Romero foi preso por obstrução à Justiça, mas ainda não há informações sobre que cláusula ele descumpriu. O acordo está sob sigilo judicial.

O acordo de Romero foi firmado com o MPF em março de 2017 e homologado pelo juiz federal Marcelo Bretas. A promotoria acredita que, além de não cumprir os termos, Romero continuou a cometer crimes após a delação. Ele estava com uma viagem marcada para os Estados Unidos e embarcaria ainda nesta quinta-feira para o exterior.

Para o MPF, o delator violou seus deveres no acordo ao não mantê-lo sob sigilo durante as trativas. Ele também teria negociado valores com outros investigados para não expor crimes em que eles estivessem envolvidos.

Romero foi responsável por entregar detalhes sobre o esquema de desvio de dinheiro público na área da Saúde durante as gestões do ex-governador Sérgio Cabral. Ele chegou a gravar o antigo chefe, o ex-secretário Sérgio Côrtes, e entregar o áudio da conversa para o Ministério Público Federal (MPF). No diálogo, Côrtes tentava convencer Romero a excluir alguns de seus crimes de uma eventual delação.

Em 2018, a defesa dos empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita, presos na Fatura Exposta, pediu a anulação do acordo de Romero, sob o argumento de que uma perícia no telefone do ex-subsecretário teria indicado que ele mentiu ao depor diante dos procuradores. Iskin é sócio da Oscar Iskin, uma das maiores fornecedoras de próteses do estado e responsável, durante a gestão Cabral, por fornecer material ao Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into).

Também em 2018, Romero deixou de pagar em dia a multa de R$ 3,5 milhões, dividida em duas parcelas, acordada com o MPF como parte do acordo de delação. Seis meses após a homologação do acordo, a primeira parcela (de R$ 2 milhões) venceu e o pagamento não ocorreu em um primeiro momento. Após a falta de pagamento, a defesa de Côrtes acentuou o trabalho para desqualificar a delação de Romero, apontando não só a parcela atrasada como uma suposta adulteração na gravação do diálogo entre o ex-secretário e Romero.

O Globo