Guerra EUA-Irã começa a afetar economia mundial

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Foto: Ahn Young-joon/AP

As ações asiáticas iniciaram a semana com perdas, enquanto os preços do petróleo e do ouro avançaram para uma máxima de seis anos, à medida que uma escalada no risco geopolítico no Oriente Médio reverbera em todo o mundo.

O comportamento dos ativos reflete a ansiedade dos investidores após o ataque aéreo dos EUA na semana passada que matou um poderoso general iraniano no Iraque, o que poderia resultar em mais violência na região rica em petróleo.

No domingo (5), o parlamento iraquiano aprovou uma resolução não vinculativa para expulsar as tropas americanas. O presidente dos EUA, Donald Trump, respondeu ameaçando sanções e uma conta de bilhões de dólares se os EUA forem forçados a se retirar.

O ouro saltou para quase US$ 1.600 a onça nesta segunda-feira, na maior alta em mais de seis anos. No início da tarde em Hong Kong, subiu 1,7%, para US $ 1.578,30. Os preços do petróleo subiram mais de 2%, com o petróleo Brent, a referência mundial, chegando a US$ 70 o barril pela primeira vez desde maio.

A situação no Oriente Médio “não vai melhorar drasticamente no curto prazo”, disse Robert Horrocks, diretor de investimentos da Matthews Asia, uma empresa de investimentos com sede em São Francisco, com US$ 27,5 bilhões sob gestão, focada na região do grande Pacífico Asiático. “Vai escalar e piorar.”

O executivo disse estar preocupado com o risco de que o aumento contínuo dos preços do petróleo possa levar consumidores a diminuir gastos. “Isso pode ser suficiente para levar os EUA a uma recessão leve”, disse.

Nas bolsas, o índice Nikkei do Japão foi a maior queda da Ásia, com baixa de 1,91%, aos 23.204,86 pontos. Diferente de muitos outros mercados, o do Japão ficou fechado no fim da semana passada, tornando segunda-feira a primeira chance para os investidores de lá reagirem à escalada das tensões.

O iene atingiu uma máxima de três meses em relação ao dólar nesta sessão, o que também pressionou as ações de exportadores.

Os benchmarks de ações em Hong Kong e Coreia do Sul caíram 0,79% e 0,98%, aos 28.226,19 e 2.155,07 pontos, respectivamente. Na China continental, o índice Xangai fechou praticamente estável (-0,01%), a 3.083,41 pontos, enquanto o Shenzen subiu 0,44%, a 1.768,68.

O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de serviços Caixin da China ficou em 52,5 em dezembro, abaixo dos 53,5 – maior nível em sete meses – registrado em novembro, segundo o grupo de mídia Caixin e a empresa de pesquisas Markit. O indicador, no entanto, continuou acima da marca dos 50, que separa a expansão da atividade da contração.

A moderação no crescimento do setor na China indica que as empresas de serviços continuam cautelosas devido a questões como tensões comerciais com os EUA, crescimento econômico doméstico relativamente moderado e desemprego, que deve continuar em 2020.

Valor Econômico