MAS lança candidatura de ex-chanceler e líder cocaleiro na Bolívia

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Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

As organizações sindicais e sociais aliadas ao Movimento ao Socialismo (MAS), do ex-presidente Evo Morales, anunciaram nesta sexta-feira o apoio às candidaturas do ex-chanceler David Choquehuanca e do líder cocaleiro Andrónico Rodríguez para a Presidência e Vice-presidência da República nas eleições do dia 3 de maio. Seus nomes deverão ser confirmados em um reunião das lideranças do partido com Morales e anunciados formalmente na próxima quarta-feira, dia 22.

A decisão foi tomada de forma unânime pelo Pacto de Unidade, conglomerado de sindicatos e associações camponeses e indígenas que compõem a base do MAS. No último final de semana, segundo o jornal La Razón, um congresso nacional sindical no estado de Oruro também optou por respaldar a candidatura de Choquehuanca e Rodríguez.

Segundo a imprensa local, as lideranças do partido comunicarão oficialmente a decisão a Morales em uma reunião marcada para este domingo, dia 19, em Buenos Aires. O anúncio formal deverá ser feito na próxima quarta-feira, dia 22, data em que o terceiro mandato do ex-presidente deveria, oficialmente, chegar ao fim. É esperado que Morales participe do evento por vídeoconferência.

Morales, que chegou à Presidência em 2006, foi reeleito para seu quarto mandato em eleições realizadas no dia 20 de outubro, mas o resultado foi contestado pela oposição e uma auditoria da OEA (Organização dos Estados Americanos) apontou indícios de fraude na contagem dos votos. Pressionado por protestos, por uma greve da polícia e por um ultimato das Forças Armadas, Morales renunciou em 10 de novembro e no dia 12 recebeu asilo do México, onde ficou por exatamente um mês, antes de se refugiar na capital argentina.

Mesmo com a aprovação formal de Morales pendente, representantes do MAS já consideram as nomeações como certas. Choquehuanca, de 58 anos, foi chanceler da Bolívia desde que Morales chegou ao poder, em 2006, até 2017, e é bastante próximo do ex-presidente. Natural de uma comunidade indígena aimará às margens do Lago Titicaca, o ex-ministro e intelectual se engajou no movimento dos camponeses por toda sua vida adulta.

Rodríguez, 30 anos, é vice-presidente das Seis Federações de Cocaleiros do Trópico de Cochabamba, berço político de Morales. Lá, ele é visto como herdeiro político do ex-presidente. Tanto Choquehuanca quando Rodríguez figuravam entre os favoritos para a indicação, junto com o também ex-chanceler Diego Pary, o ex-ministro da Economia Luis Arce a Adriana Salvatierra, senadora e ex-presidente do Senado.

Em antecipação ao dia 22, o governo interino liderado pela senadora Jeanine Áñez pôs militares e policiais nas ruas. A medida, segundo La Paz, é preventiva frente aos atos marcados por grupos sindicais indígenas e cocaleiros ligados a Morales para celebrar o dia do Estado Plurinacional, data estabelecida pela Constituição de 2009 para celebrar a pluralidade étnica do país.

— Estas ações militares de patrulha acontecerão até o dia 24 — disse o ministro de Defesa, Fernando López. — Estas ações são simplesmente para resguardar e dar a tranquilidade que o povo boliviano merece. É nada mais que uma prevenção.

Morales, por sua vez, denunciou no Twitter um “estado de sítio de fato”: “Com a militarização das cidades mais importantes da Bolívia, está em vigor um estado de sítio de fato que suspendeu direitos e garantias constitucionais do povo, uma prova mais da ditadura de Áñez que governa o país”, escreveu.

A data também marcaria o fim dos mandatos constitucionais dos ocupantes de cargos executivos e legislativos na Bolívia. O Tribunal Constitucional, no entanto, aprovou a extensão do mandato do governo de Áñez, dos deputados e dos senadores da Assembleia Legislativa Plurinacional, assim como de prefeitos, governadores e outros representantes eleitos mediante sufrágio.

A prorrogação possibilita a extensão dos mandatos até as eleições de maio e a posse do vencedor. Ela foi aprovada pelo Senado, onde o MAS tem maioria, e deve seguir para a Câmara, onde o partido do ex-presidente também é majoritário.

O Globo