Mercados começam a racionar água no Rio

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Foto: Audryn Karolyne/O Globo

A procura de água mineral tem crescido cada vez mais no Rio de Janeiro, após o líquido fornecido pela Cedae começar a apresentar cheiro, cor e gosto de terra. Nesta quinta-feira, supermercados na Zona Sul da capital começaram a colocar limite na quantidades de garrafas que cada cliente pode comprar. Numa das redes, cada pessoa pode levar apenas três packs, o equivalente a 18 garrafas, sendo que cada pet custa R$ 2,09. Já em outra, o limite é de dois packs, com o litro e meio a R$ 2,59.

O produtor audiovisual Rafael Quintas, de 33 anos, que foi a dois supermercados na mesma rua até encontrar água sem gás, tem uma preocupação ainda maior: a esposa grávida de sete meses, que já passou mal por conta da água. Morador de Laranjeiras, ele gastou R$ 25 em dois packs, que ele acredita que devam durar cerca de uma semana.

– Nunca me senti tão terceiro mundo. Acho que está difícil de estocar. É uma coisa natural da demanda – critica o produtor sobre o limite máximo imposto para compra por cliente.

A jornalista Lilian Calandrini, de 51 anos, já costuma beber apenas água mineral. Mesmo vindo no mercado do bairro quase que diariamente, ela ficou sabendo do limite de garrafas por pessoa apenas nesta quinta-feira. Segundo ela, na sua casa a água não tem apresentado nem cor nem cheiro, mas ainda assim ela se preocupa:

– Uma amiga bióloga aconselhou a filtrar a água duas, três vezes antes de cozinhar. Agora vou ter que começar a fazer porque foi o que ela aconselhou – explica.

Um funcionário de um dos estabelecimentos disse que os clientes costumam comprar um fardo e voltar no dia seguinte para mais. Mesmo assim, ele questiona a decisão:

– Eu não acho lógico. Às vezes, a família é grande. Uma família de dez filhos, como vai usar só dois fardos de água por dia? – pergunta – Você querendo levar, o dinheiro é seu. Ninguém pode colocar limite, o dinheiro é seu e pronto.

Num sacolão, ainda em Laranjeiras, não há limite para a compra, mas cada garrafa de um litro e meio está sendo vendida por R$ 3,99. Já a de 500ml, custa R$ 1,50. Segundo uma funcionária, ainda assim, a procura é grande.

– Principalmente quando esgota ali – diz, apontando em direção ao mercado vizinho à loja.

Na Tijuca, um supermercado determinou que o limite é de dois fardos da garrafa de seis litros por pessoa. A secretária Elenize Aparecida, de 44 anos, disse que encontrou o limite já desde semana passada numa outra rede no mesmo bairro, que limitava dois pack com seis garrafas de um litro e meio por cliente. Agora, o mercado só tem o pack com dois garrafões de seis litros por R$ 12,49. O limite continua.

– De certa forma, é uma coisa boa. Se vem um atacadista e leva tudo, quem precisa em casa não vai ter – elogia.

Uma funcionária do mercado confirma o que diz Elenize.

— Todo dia tem água. Mas acaba muito rápido, a maior parte do pessoal pega para revender. Um dia desses uma mulher levou cinco carrinhos só de água – afirma.

Na Avenida Maracança, em outro supermercado, é liberado apenas um fardo de 12 garrafas de 500ml por pessoa.

O Globo