Presidente do BNDES se nega a comentar escândalo

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Foto: Reprodução

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), Gustavo Montezano, deu explicações sobre a auditoria realizada no banco que custou R$ 42,7 milhões e causou estranheza no presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Nesta quarta-feira (29/01/2020), Montezano afirmou que, quando se inicia uma investigação, “não se sabe quantos dados exatos vai se averiguar”. “Dada a complexidade do tema, o volume de trabalho foi bem superior ao inicialmente estimado, por isso foi feito um aditivo”, ponderou.

Os contratos do BNDES viraram alvo de suspeitas após Bolsonaro dizer que acredita existir uma “caixa-preta” na empresa pública. “Tem coisa estranha aí”, afirmou o presidente nessa terça-feira (28/01/2020), em conversa com jornalistas no Palácio da Alvorada.

As explicações de Montezano ocorrem após uma conversa com o chefe do Palácio do Planalto e a crítica pública sobre a investigação interna.

Desde a divulgação dos resultados da auditoria, na última semana, o valor e os apontamentos da investigação se tornaram motivos de questionamentos. A vistoria se debruçou sobre operações do BNDES com empresas como a JBS, que recebeu um empréstimo de mais de R$ 20 milhões.

Montenazo subiu o tom contra as críticas. “O BNDES não tem nada a esconder. Ao mesmo tempo [das críticas] existem investigações internas e externas que mostram que não encontraram nenhum tipo de ilegalidade nessas operações”, afirmou.

O diretor-presidente do banco minimizou as críticas de Bolsonaro, que chegou a chamá-lo de “menino”. “Contratamos uma shadow investigation para acompanhar e revisar os protocolos adotados na auditoria. Ela é importante para confirmar os procedimentos e avaliar os impactos no balanço financeiro. A orientação é sempre a transparência”, frisou.

Ele emendou: “Para fornecemos as informações, temos sempre que pesar entre a celeridade, a responsabilidade e a acuracidade [precisão e exatidão]. Se tivermos que escolher, optaremos pela responsabilidade e acuracidade”, concluiu.

A escalada dos valores pagos ocorreu em contrato com dois escritórios de assessoria jurídica internacional norte-americanos. O preço chegou a R$ 42,7 milhões e teve três aditamentos. Inicialmente, o valor estimado era de R$ 24 milhões.

A primeira suplementação ocorreu em 2018, com o gasto de mais R$ 5,1 milhões. Montezano afirma que o valor foi necessário “por causa do volume de trabalho”.

Depois, ao longo de 2019, foi aprovado o adicional de outros R$ 11,9 milhões. O aumento teria como justificativa a CPI do BNDES e a Operação Bullish. A suplementação foi aprovada em 2 de julho. Montezano foi nomeado para o cargo em 3 de julho.

Por fim, um terceiro aditamento foi aprovado pelo colegiado do banco. Segundo o diretor-presidente da estatal, foi um aditamento para que a investigação abrangesse mais informações. Custou outros R$ 2,3 milhões.

O diretor jurídico do BNDES, Saulo Puttini, garantiu que não há ilegalidades nos aditamentos. “Em outubro, o contrato com os escritórios foi aditivado em US$ 3 milhões, mas não abarca a investigação e sim a prestação de serviços jurídicos para auxiliar a venda de ações em ofertas públicas e outras operações”, afirmou.

Segundo Puttini, os escritórios foram escolhidos com concorrência e aptidão para prestar os serviços de investigação, assessoria jurídica e auditoria forense.

Foram investigadas operações entre 2005 e 2018. Atualmente, não há processos do tipo em andamento.

Metrópoles