Promessa: Bolsonaro vai calar sobre eleição de 2020

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Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira que não irá se posicionar sobre as eleições municipais deste ano caso o seu partido, Aliança pelo Brasil, não seja criado a tempo de participar da disputa. O novo partido precisa do apoio de 492 mil assinaturas até abril, a tempo de entrar no pleito deste ano.

“Não discuto política, se meu partido não tiver candidato, não vou me meter em política municipal no corrente ano. Ponto final”, afirmou, na saída do Palácio da Alvorada.

A declaração ocorreu após o presidente ser questionado sobre a ida do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), ontem, ao Planalto. O presidente disse que tem boa relação com Crivella e não teria problema em recebê-lo, mas que não irá se posicionar sobre o pleito do ano que vem.

Bolsonaro prioriza o Nordeste na estratégia para obter assinaturas necessárias à criação da Aliança pelo Brasil. A região foi a única do país em que Bolsonaro foi derrotado em todos os estados no segundo turno da eleição presidencial de 2018.

O Nordeste tem o segundo maior eleitorado do país – 26,8%, atrás apenas do Sudeste, com 43,4%, de acordo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Pesquisa Datafolha de dezembro mostrou também uma forte rejeição ao governo Bolsonaro entre os nordestinos. Na região, 50% veem a gestão como ruim ou péssima, e para 20% ela é ótima ou boa. Por concentrar cidades com menos acesso à internet, a organização da sigla aposta na realização dos eventos para impulsionar apoio no Nordeste, assim como no Norte.

Até 16 de fevereiro, há previsão de eventos em 25 capitais, 8 delas ainda em janeiro. A maioria fica no Nordeste: João Pessoa, Natal, Salvador, Teresina e São Luís. Organizadores da legenda dizem não ter um orçamento definido para os atos, bancados, segundo eles, por voluntariado local.

Para que um partido seja criado, ele precisa ter caráter nacional. Ou seja: segundo a legislação vigente, tem apoio de 0,5% dos votos dados na última eleição geral para a Câmara dos Deputados distribuídos por um terço das unidades da Federação (9) com um mínimo de 0,1% do eleitorado que tenha votado em cada um deles.

Caso saia do papel, esta será a nona sigla de Bolsonaro em sua carreira política. Ele ocupará a presidência do partido. Seu primogênito, o senador Flávio Bolsonaro, é o primeiro-vice-presidente. Assessor especial da Presidência, Tercio Arnaud Tomaz faz parte da direção da sigla. À frente da empreitada político-partidária do presidente, o ex-ministro do TSE Admar Gonzaga e a advogada Karina Kufa, respectivamente, serão secretário-geral e tesoureira da legenda.

Valor Econômico