Protestos violentos voltam à cena no Chile

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Foto: Edgard Garrido/Reuters

A polícia do Chile registrou 159 incidentes graves, incluindo uma pessoa morta e outra com morte cerebral, ao longo de 10 horas desta quinta para esta sexta-feira, na noite mais violenta desde 13 de novembro. Ao longo de todo o mês de janeiro, pouco mais de 70 incidentes como esses tinham acontecido. Os registros policiais falam em 46 policiais feridos, seis saques, três prédios do governo depredados, 124 detidos e 96 casos de desordem.

Um homem morreu sufocado em um incêndio dentro de um supermercado de Santiago que foi alvo de saque e incêndio na manhã desta sexta-feira, e tornou-se o terceiro morto em três dias. Os bombeiros encontraram o corpo e resgataram outras duas pessoas com asfixia depois de controlar as chamas.

Outro supermercado também foi saqueado, e a polícia prendeu 16 pessoas, enquanto barricadas queimadas podiam ser vistas em várias ruas da capital chilena.

A violência durante as manifestações havia diminuído de intensidade nas últimas semanas, mas recrudesceu na noite de terça-feira, com a morte de um torcedor do Colo Colo, atropelado por um caminhão da polícia em meio a confrontos após um jogo de futebol.

Segundo o jornal La Tercera, a polícia tem certeza de que a reemergência dos distúrbios está relacionada à morte do torcedor, o que a fez criar um plano especial para a comuna de Pudahuel, onde morava Jorge Mora, a vítima, enterrado nesta sexta-feira.

Um dia depois de sua morte, os distúrbios continuaram e outro manifestante foi atropelado por um ônibus roubado por homens encapuzados, em meio a saques ao comércio e a prédios públicos e a duros confrontos com policiais de choque.

— Sem dúvidas, esta jornada foi a mais violenta de 2020, e nos recorda os piores momentos do ano passado. Esses atos têm que nos consternar a todos. Não é aceitável ter estes níveis de violência. As pessoas estão cansadas do que acontece, e nós tentamos contribuir para um clima melhor — afirmou o chefe da segurança região oeste da Região Metropolitana de Santiago, o general Enrique Bassaleti.

As torcidas organizadas de diversos clubes do Chile convocaram um protesto contra o governo para esta sexta-feira na Praça Itália, epicentro das manifestações em Santiago. “Perdemos muito tempo brigando entre nós mesmos. Marcha de todas as torcidas”, dizia uma convocação postada nas redes sociais.

O ministro do Interior, Juan Francisco Galli, disse, em relação à noite de quarta-feira, que a morte de Mora aconteceu devido à “negligência por causa do contexto de violência em que o caminhão foi atacado. Aqui deve haver apenas uma voz e uma leitura: é preciso agir para acabar com a violência, porque ela causa apenas dor e destruição”.

O número de mortos desde o início da onda de protestos, em 18 de outubro, até 28 de janeiro chegou a 31, de acordo com um relatório atualizado do Ministério Público chileno.

Além disso, 5.558 casos de violação de direitos humanos — 4.525 adultos e 834 menores — foram denunciados ao Ministério Público, enquanto 4.158 pessoas dizem ter sofrido abusos por parte de agentes de segurança do Estado. O número de acusados de cometer delitos durante os primeiros três meses da crise social chega a 323.745 pessoas.

Enquanto isso, os delitos por desordem pública entre outubro e dezembro de 2019 cresceram 4.400% em relação ao mesmo período de 2018, de 62 para 2.811 casos.

O Globo