Senado começa a julgar impeachment de Trump

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Chip Somodevilla/AF

O terceiro julgamento de um presidente em exercício da História dos Estados Unidos começou oficialmente na tarde desta quinta-feira, com a leitura das acusações de abuso de poder e obstrução do Congresso contra o presidente Donald Trump, que preencheriam os requisitos dos “altos crimes e contravenções” previstos na Constituição americana como passíveis de levar ao impeachment.

As acusações, formuladas em dezembro pela Câmara, estão relacionadas às pressões que Trump teria feito sobre o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para que investigasse negócios no setor de gás ucraniano de um filho do ex-vice-presidente Joe Biden, seu potencial rival nas eleições deste ano.

O relógio marcava 12h05 (14h05 no Brasil) e todos os senadores estavam em seus lugares quando os sete deputados democratas que atuarão como promotores no julgamento, escoltados pelo chamado sargento de armas do Senado — o policial federal de mais alto escalão lotado no local —, adentraram a Casa, em um momento solene.

Foi a segunda jornada desse tipo para o grupo de deputados nas últimas 24 horas, depois da entrega das acusações ao Senado na quarta-feira à noite.

— Ouçam, ouçam, ouçam — declarou o sargento de armas, usando um inglês arcaico para advertir os senadores a não falar ao mesmo tempo em que o deputado Adam Schiff, que lidera a equipe da acusação — Todas as pessoas devem permanecer caladas diante da dor da prisão.

Com os outros seis deputados da equipe acusadora a seu lado, Schiff, da Califórnia, presidente da Comissão de Inteligência, leu em voz alta as acusações contra Trump, que juntas ocupam pouco mais de oito páginas.

— Assim, o presidente Trump merece impeachment e julgamento, a destituição do cargo e a desqualificação para manter e desfrutar de qualquer cargo de honra, confiança ou lucro sob os Estados Unidos — disse Schiff ao concluir a leitura.

A sessão do Senado foi suspensa em seguida por cerca de duas horas, até o presidente da Suprema Corte dos Estados Unidos, John Roberts, fazer a sua própria jornada até o Senado, saindo da Suprema Corte e passando pelo Capitólio. Roberts irá presidir a sessão no Senado, e também jurou imparcialidade.

Após ser conduzido por um grupo de quatro senadores — dois republicanos e dois democratas —, Robert fez um juramento que data de 1789, em uma cerimônia que só aconteceu duas vezes antes na História do país, contra Andrew Johnson, em 1869, e Bill Clinton, em 1998. Ambos acabaram absolvidos. O juramento foi administrado pelo senador Charles Grassley, republicano de Iowa:

— Você jura solenemente que em todas as coisas inerentes ao julgamento do impeachment de Donald John Trump, presidente dos Estados Unidos, atualmente pendente, você fará Justiça imparcial de acordo com a Constituição e leis: Então que Deus me ajude”.

— Eu juro — respondeu Roberts.

Ele então leu o juramento aos próprios senadores, pedindo que ficassem em pé enquanto faziam a promessa. Os noventa e nove senadores presentes — todos, exceto o republicano Jim Inhofe, que não estava na sessão e fará o juramento na semana que vem — foram então chamados em grupos de quatro para assinar o livro de juramentos.

Logo após o juramento, o órgão votou, por unanimidade, para notificar Trump de seu julgamento e das acusações contra ele. A convocação exige que ele responda por escrito até a noite de sábado. Em reação, Trump tuitou em caixa alta: “Acabei de sofrer impeachment por causa de um telefonema perfeito”, uma referência à ligação entre ele e Zelensky que deu início a todo o escândalo, em meados do ano passado.

Após o encerramento da sessão, o Senado entrou em recesso até a próxima terça-feira, quando será retomado o julgamento de impeachment. Segunda é feriado, Dia de Martin Luther King.

O Globo