Think tank americano compara Glenn a Assange

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Foto: Peter Nicholls / REUTERS

A denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o jornalista americano Glenn Greenwald no vazamento de mensagens de autoridades brasileiras gerou comparações com o caso do australiano Julian Assange, fundador do WikiLeaks, site que publicou documentos vazados do governo dos EUA.

O editoral da revista americana “Columbia Journalism Review”, produção acadêmica sobre jornalismo da Universidade de Columbia, classificou o ato do MPF de apontar Glenn como participante ativo no crime de invasão do Telegram de autoridades como um “ataque hediondo à liberdade de proteção da imprensa, algo que jornalistas e qualquer um a favor da liberdade de expressão deveriam batalhar contra”.

A revista diz que o caso é quase uma cópia do que o Departamento de Justiça americano alegou na ação contra Assange no ano passado — a denúncia contra o ativista incluía a acusação de espionagem. Assim como no Brasil, os promotores dos EUA defenderam que o australiano não apenas recebeu documentos diplomáticos vazados por um ex-funcionário do Exército, mas que ele atuou ativamente na divulgação das informações de forma ilegal. Por esse motivo, Assange não poderia ter a proteção da 1ª Emenda da Constituição americana, que trata da liberdade de imprensa e de expressão.

O ativista foi preso em abril passado, em Londres, após o Equador cancelar o asilo que lhe dava na embaixada, na Inglaterra, desde 2012. O editorial da revista americana afirmou ainda que, a partir dos julgamentos sobre o caso de Assange, houve um ataque ao jornalismo comparável ao que ocorre no Brasil agora, com a denúncia contra Glenn.

O jornal “New York Times” também dedicou um de seus editoriais na edição impressa ao assunto. O diário definiu a acusação contra Glenn como um caso em que “se atira no mensageiro e se ignora a mensagem”. O jornal diz ainda que ataques à imprensa livre se tornaram “um alicerce para a nova geração de líderes intolerantes no Brasil, assim como nos EUA e em outras partes do mundo”.

“O poder do Estado é usado não contra as autoridades acusadas, mas contra o repórter”, completou o editorial.

O Globo