Bolsonaro pretende bajular direita no Congresso

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Foto: EVARISTO SA / AFP

O presidente Jair Bolsonaro iniciou nesta semana um processo de reaproximação com bancadas conservadoras que lhe garantem sustentação política e eleitoral. O primeiro passo foi retomar os laços com os ruralistas, cujas críticas ao governo se tornaram públicas no final do ano passado pelo presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Alceu Moreira (MDB-RS).

A redução de recursos previstos para a área no Orçamento de 2020 e a falta de apoio a projetos no Congresso considerados prioritários para o setor bastaram para Moreira relatar, ao Broadcast Político, que iria endurecer a relação com o governo.

Para retomar a confiança dos ruralistas, Bolsonaro enviou, no final do ano passado, Medida Provisória (MP) para a regularização fundiária de terras, principalmente as localizadas na Amazônia Legal. Na semana passada, deu outra sinalização importante de que o relacionamento pode ser diferente e assinou o projeto de lei para regulamentar a exploração de terras indígenas, proposta defendida pelo agronegócio.

Nesta semana, em outro passo para fortalecer os laços, ofereceu um café da manhã para a FPA no Palácio do Planalto. O encontro foi realizado um dia depois da votação da MP do Agro, que facilita o crédito para o setor, e foi aprovada por 328 votos a favor e 58 contra, um exemplo da força da bancada na Câmara.

“O café da manhã foi muito bom, colocamos as principais pautas na mesa. Principalmente para aumentar o recurso para o Plano Safra. Não há nenhum estremecimento em relação ao nosso apoio. Nossa pauta é a favor do Brasil”, disse o ex-ministro da Agricultura, deputado federal Neri Geller (PP-MT).

O clima do encontro foi de descontração e de um sentimento de parceria, segundo os parlamentares. Moreira, o presidente da FPA, afirmou que o governo demonstra agora maior “sintonia” após o primeiro ano de gestão e, agora, “encontrou o caminho”.

A estratégia do Palácio do Planalto é organizar outros cafés como esse ao longo do ano para otimizar os encontros das bancadas com o presidente da República. Assim, é possível atender de uma só vez um número razoável de deputados e senadores, além de conseguir receber demandas específicas de cada grupo, ao invés dos contatos individuais que geram um trabalho muito maior.

O presidente da bancada evangélica, deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), também se reuniu com o governo esta semana e diz que a relação com o governo está ótima.

No entanto, a relação segue “menos azeitada” com os representantes da bancada da bala, que afirmam não terem sido recebidos em grupo nem uma só vez por Bolsonaro ao longo de 2019. A queixas também giram em torno da falta de consulta prévia aos parlamentares antes do envio de projetos de interesse do setor ao Congresso, como a ampliação do porte de armas.

A solução foi buscar uma proximidade maior com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. Em reunião com Moro, no início do ano, os parlamentares escolheram quatro objetivos para o trabalho legislativo deste ano. O primeiro deles é tentar retomar pontos que estava no pacote anticrime enviado ao parlamento e que não foram aprovados.

Estadão