Cariocas usam fantasias com críticas à água da Cedae

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Foto: Carolina Moura

A manhã de domingo, que começou nublada mas ganhou a presença do sol, levou milhares de foliões para os cortejos do Boitatá, que saiu da Avenida Henrique Valadares, no Centro do Rio, e do Suvaco de Cristo, no Jardim Botânico, na Zona Sul. Quem participa dos dois blocos caprichou nas fantasias criativas, algumas politizadas criticando a presidência e a Cedae, e outras coloridas, para encher de brilho a cidade. profissional de Tecnologia da Informação Cesar Teixeira, de 68 anos, foi vestido com uma roupa de hospital segurando dois soros com o nome “Cedae”.

— Estou aqui para curtir mas também para fazer uma crítica ao que estamos passando nessa cidade e neste país. Meu corpo é composto de água e preciso disso para viver. Como vou beber esse líquido contaminado? — questiona o homem, muito animado.

Ao som de marchinhas, foliões do tradicional Suvaco do Cristo se preparam para colorir as ruas. O tema do samba deste ano é “Águas de fevereiro”, e na letra, geosmina, queimadas da Amazônia e óleo nas praias dão o tom da crítica: “Água, o Rio pede um pouco d’água / Lava a roupa suja do pastor… / Mágoa não vou levar na minha alma / eles lá com suas armas / nós aqui com mais amor”, diz alguns dos versos do samba.

O aposentado Claudio Lagame, de 62 anos, também apostou no tom crítico na hora de escolher a fantasia e desfilou de carvão ativado, numa crítica à crise da Cedae.

— Carnaval, além de alegria, é uma forma de a gente se manifestar. Eles acham que enganam a gente? — questiona Lagame, que prestigia o bloco, de 34 anos.

Passava das 9h quando o cortejo desceu a Rua Faro, com a bateria da São Clemente e arrastando a multidão. Uma das mais animadas era a porta-bandeira Cynthia Howlett.

— O Suvaco é especial. É diversão, alegria e sempre tem uma mensagem bacana. Junta pessoas de todas as tribos – defendeu a apresentadora, que desfila há 20 anos.

Já o profissional de Tecnologia da Informação, Marcos Cabral, de 46 anos, desfilou no Boitatá com um arco de cabeça escrito “Fora Dilma, quero ir para Disney de novo”:

— Minha fantasia é para ironizar o nosso ministro da economia, que disse tamanha bobagem — disse ele, com o corpo todo purpurinado e sendo fotografado por amigos, sem esconder toda a felicidade de estar no carnaval: — Eu gosto muito desse bloco, é uma galera mais jovem, animada, é um motivo nobre acordar cedo para vir.

No calor, o carioca gosta de tomar muita cerveja, mas alguns preferem a gin tônica (drink feito com gin, limão e água tônica) não só por ser mais gostoso, mas por não engordar tanto quanto a cevada. De acordo com a ambulante Thais Boubel, de 31 anos, o gin está sendo bem procurado pelas pessoas que foram ao bloco no Centro.

— Eu escolhi o Gin porque emagrece e para mim é melhor. Eu até bebo cerveja quando não tem outra opção.- diz a administradora Débora Plaen, de 24 anos. – Não sou muito de ir em bloco de carnaval, prefiro ir para festas fechadas ou samba, mas estou curtindo muito esse Boitatá, está lindo

As amigas Juliana Gracia, de 42 anos, e Isabela Daemon, de 28 anos, focam no sacolé.

— A gente ficou com medo dessas bebidas batizadas. Melhor prevenir, não podemos dar mole.

O Globo