Doria e Witzel podem selar aliança

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Infoglobo

Os governadores do Rio, Wilson Witzel (PSC), e de São Paulo, João Doria (PSDB), costuram um encontro no carnaval carioca em meio à tentativa de se contrapor ao bolsonarismo nas eleições municipais deste ano. Rompidos com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Witzel e Doria articulam uma aproximação entre si enquanto buscam também se cacifar para a eleição presidencial de 2022. Ambos já manifestaram interesse de concorrer à sucessão de Bolsonaro.

Segundo um aliado de Doria, a ideia é que os governadores de Rio e São Paulo tenham um almoço entre os dois dias de desfile do Grupo Especial das escolas de samba, na Marquês de Sapucaí. Doria foi ao camarote de Witzel no carnaval do ano passado, quando ambos ainda se colocavam publicamente como aliados de Bolsonaro. A provável vinda do governador paulista para o desfile na Sapucaí deste ano será confirmada até a próxima segunda-feira.

— Eles estão tratando de uma agenda que seja positiva para São Paulo e para o Rio — disse um interlocutor.

Gustavo Bebianno, ex-ministro de Bolsonaro e atual presidente do diretório municipal do PSDB no Rio, conduz a tentativa de aproximação pelo lado de Doria. Bebianno, responsável por definir quem será o candidato tucano na capital carioca em 2020, tem se reunido com Witzel desde o ano passado. A informação foi publicada na coluna Painel, da “Folha de S. Paulo”, e confirmada pelo GLOBO com um aliado de Doria. Procurado, Bebianno não quis se manifestar.

Doria e Witzel têm mantido conversas com outros nomes da centro-direita, como o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), como tentativa de fortalecer o bloco nas eleições municipais em um espectro do eleitorado dominado pelo bolsonarismo em 2018. Maia pretende apoiar o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (DEM) na disputa pela sucessão do atual prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), que busca o apoio de Bolsonaro na campanha pela reeleição. Witzel e o PSDB de Doria estudam um apoio a Paes, que se reuniu com o vice-governador de São Paulo Rodrigo Garcia (DEM) no fim do ano passado. Paes ainda não oficializou sua candidatura.

O PSL também buscou o PSC de Witzel e o PSDB de Doria após Bolsonaro deixar o partido para fundar o Aliança pelo Brasil. O pré-candidato do PSL à prefeitura do Rio é o deputado estadual Rodrigo Amorim, que é próximo a Witzel e já expressou interesse no apoio do governador. Em São Paulo, Doria pretende apoiar o atual prefeito Bruno Covas (PSDB) à reeleição, mas não está descartada uma chapa com a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), pré-candidata na capital paulista.

Enquanto não surge um nome de consenso no Rio, Doria e Witzel anunciaram apoio, respectivamente, às candidaturas da ex-secretária municipal de Cultura Mariana Ribas (PSDB) e da juíza Glória Heloíza. Ambas são novatas em eleições majoritárias. Glória Heloíza sequer se desvinculou da magistratura e diz que nunca conversou sobre ser candidata. Ribas é pré-candidata com o apoio do presidente do PSDB fluminense, o empresário Paulo Marinho, próximo a Doria. Marinho já declarou publicamente, porém, que o partido pode desistir de candidatura própria, desde que outra chapa da centro-direita seja “eleitoralmente mais viável”.

Em junho, antes do rompimento entre Witzel e Bolsonaro, o governador do Rio alfinetou Doria publicamente após o tucano criticar a possibilidade de transferência da Fórmula-1 do Autódromo de Interlagos, em São Paulo, para uma nova pista em Deodoro, Zona Oeste do Rio. O projeto tem sido defendido publicamente por Bolsonaro e por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (sem partido/RJ). À época, Witzel disse que Doria “não tem vindo muito ao Rio” e que o governador de São Paulo “precisava se informar melhor”.

Mesmo rompido com Bolsonaro, Witzel continuou trabalhando pela vinda da prova a partir de 2021. Em novembro, a secretaria estadual de Esportes deu sinal verde a um incentivo fiscal de R$ 302,4 milhões, dividido em dois anos, para a realização das edições da corrida em 2021 e 2022, além de ter aprovado um projeto do consórcio Rio Motorpark para organizar a corrida em Deodoro até 2030.

O Globo