Guedes diz que funcionários públicos são ‘parasitas’

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Foto: Adriano Machado/Reuters

Ao defender a aprovação da reforma administrativa, que promete revirar as regras do funcionalismo público, o ministro da Economia, Paulo Guedes, fez uma comparação, no mínimo, infeliz: chamou os funcionários públicos de ‘parasitas‘. “O funcionalismo teve aumento de 50% acima da inflação, tem estabilidade de emprego, tem aposentadoria generosa, tem tudo. O hospedeiro está morrendo. O cara (funcionário público) virou um parasita e o dinheiro não está chegando no povo”, afirmou o ministro na manhã desta sexta-feira, 7, num seminário realizado na sede da Fundação Getulio Vargas, no Rio de Janeiro. De acordo com ele, a reforma desenhada pelo governo será apresentada na semana que vem.

Segundo ele, 80% da população brasileira é a favor da demissão de funcionários públicos. “Estão muito na frente da gente”, disse, com razão — e foi aplaudido. Não foi a primeira vez que ele foi imprudente. Em novembro, o ministro disparou contra a possibilidade de radicalização por parte da oposição e declarou o indeclarável, emulando o filho do presidente Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, ao elencar um dos atos mais cruéis da ditadura militar como um mecanismo plausível, o Ato Institucional Número 5. “Não se assustem se alguém então pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente?”.

Numa empreitada para encampar seus projetos em um ano difícil, com tempo limitado pelas eleições municipais em outubro, é de se entender a ânsia de Guedes para vender suas ideias. De fato, a reforma administrativa — assim como uma reforma tributária — é necessária para o país e o combate a privilégios deve ser o norte de um projeto que modifique o funcionalismo, mas não é pela fórmula da ofensa — típica de seu chefe, Bolsonaro — que o governo emplacará mudanças estruturais, ainda mais aquelas que dependem do Congresso Nacional e de articulação política. Foi o belicosismo, aliás, de Bolsonaro que atrasou a aprovação da reforma da Previdência — e a prudência do ministro e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que possibilitaram o avanço. Mesmo que uma ideia seja muito boa, se a forma de se passar a mensagem não for feita corretamente, ela não valerá muita coisa.

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