Inimigo dos direitos humanos, Bolsonaro os usa contra ator

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Foto: TV Globo/Sergio LIMA / AFP

Após José de Abreu atacar a ex-colega Regina Duarte em uma entrevista, o secretário de Direitos Humanos da Procuradoria Geral da República, Ailton Benedito, encaminhou ofício ao Ministério Público Federal de São Paulo sugerindo que o órgão tome providências em relação às ofensas ditas pelo ator. Convidada pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir a Secretaria Especial da Cultura, Regina Duarte aguarda apenas a nomeação para tomar posse.

“Ainda hoje, 4 de fevereiro de 2020, será encaminhado ofício ao Ministério Público Federal no Estado de São Paulo, a fim de que tome conhecimento do fato e promova as medidas que entender cabíveis nas suas atribuições em face do sujeito que ofendeu todas as mulheres brasileiras”, escreveu Benedito no Twitter, para em seguida confirmar o envio do ofício ao Ministério Público.

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Benedito encaminhou o ofício após criticar, também no Twitter, as declarações dadas por José de Abreu em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”. Ao comentar a ida de Regina Duarte para o governo Bolsonaro, o ator, que é crítico constante do presidente, afirmou que “fascista não tem sexo” e que “vagina não transforma uma mulher em um ser humano”.

 

Antes da entrevista, José de Abreu já havia sido criticado, tanto pela esquerda quanto pela direita, por um post no Instagram em que dizia que iria “desmascarar” a atriz.

“Eu sei o que fizemos na sua casa, na Barra da Tijuca. Eu sou artista, assumo meus vícios e me libertei deles. Mas você, assumindo um cargo público, vai ter que prestar conta deles”, escreveu o ator em um post posteriormente deletado.

“Lembra de quantos gays lhe tiraram rugas? Coloriram seus cabelos brancos? Criaram figurinos para esconder suas banhas? Você está cagando na cabeça deles! Eles me ligam, desesperados, com sua postura! Tenha vergonha nessa cara! Vou até o fim. REGINA DUARTE, vou lhe desmascarar! Assuma seu cargo de apoiadora de fascista se tiver coragem. E aguente as consequências”, completou Abreu na mesma publicação.

Indicado pelo procurador-geral Augusto Aras para a Secretaria de Direitos Humanos da PGR em setembro, Ailton Benedito é considerado uma das principais vozes conservadoras dentro do MPF. O procurador havia sido convidado pelo governo de Jair Bolsonaro para assumir uma cadeira na Comissão de Mortos e Desaparecidos do governo, mas foi vetado pelo Conselho Superior do Ministério Público Federal, por meio de voto decisivo proferido pela então procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

O Globo