Onix declara que haverá mudanças para uso de aviões da FAB

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Foto: MARCOS CORRÊA / PR

O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse na manhã desta segunda-feira, 3, que estão em análise alterações nas regras para uso dos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) por representantes do governo. A iniciativa ocorre após o ex-secretário da pasta, Vicente Santini, ter sido demitido em decisão do presidente Jair Bolsonaro por ter usado um jatinho da FAB para viajar à Índia, onde estava a comitiva presidencial.

Em entrevista à Rádio Gaúcha, Onyx, que perdeu o comando do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) e viu sua pasta ser ainda mais esvaziada por Bolsonaro com a repercussão negativa do episódio envolvendo Santini, falou em tornar “mais claras” as normas. “Vamos trabalhar para tornar isso (as regras para o uso dos aviões) mais claro”, disse o ministro.

Segundo Onyx, o modelo que norteará o novo regulamento é uma normativa da Organização das Nações Unidas (ONU) que trata do uso de aviões por membros de governos. As novas normas levarão em conta três critérios para permitir as viagens: distância percorrida, faixa etária e volume de trabalho.

Sobre a crise iniciada com a demissão de Santini, ocorrida enquanto Onyx estava em férias, o ministro disse que “essa é uma situação a ser ajustada, passível de várias interpretações”. O ministro ainda elogiou o ex-secretário, mas afirmou que a decisão de Bolsonaro deve ser respeitada.

“Santini sempre foi uma pessoa correta e teve comportamento adequado, é preparado. Mas, na opinião do presidente, ele cometeu um equivoco”, disse. Perguntado se permitiu a viagem feita por Santini, Onyx reiterou que estava em férias durante o período e, por isso, nã participou da decisão.

O governo não informa o custo da viagem, mas de acordo com oficiais da FAB ouvidos pelo Estado, um deslocamento como este não sai por menos de R$ 740 mil.

Mantido no cargo por Bolsonaro, Onyx afirmou nesta terça que o presidente não pretende fazer uma reforma ministérial nesse início de segundo ano de mandato. De acordo com o comandante da Casa Civil, seu colega Abraham Weintraub, ministro da Educação, não será substituído, como sugerem até aliados do governo.

As críticas sobre a atuação de Weintraub à frente do MEC se intensificam desde a revelação de erros na correção de parte das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A falha provocou a prorrogação do prazo de inscrições do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e judicializou todo o processo.

Apesar dos conselhos de aliados e pressão para a substituição, o presidente e os filhos, principalmente o deputado federal Eduardo Bolsonaro, gostam do ministro e de seu estilo “polêmico nas redes sociais”. Mas a pressão dos que querem a sua saída só cresce. Semana passada, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), afirmou que Weintraub “atrapalha o Brasil e coloca em risco o futuro das crianças”.

O Movimento Brasil Livre (MBL), que apoiou Bolsonaro durante a eleição, pediu publicamente a demissão do ministro. “A presença do ministro Weintraub é incompatível com um governo que, durante a campanha eleitoral, prometeu um ministério de notáveis”, disse o grupo.

Ao comentar a situação de Weintraub, Onyx afirmou que pretende almoçar com o colega nesta terça. “Sou um bom bombeiro”, brincou. Antes, na mesma entrevista, afirmou que tratou do assunto em um café com Maia. “Acho que podemos levantar bandeira branca aí. A conversa com ele foi muito boa nesse sentido.”

Para Onyx, as reações contra o ministro da Educação se devem às suas posições na chefia do MEC. “Abraham tem conteúdo ideológico forte e, por isso, as reações. Somos um governo de aliança conservadora e liberal, muitos dos nossos posicionamentos são interpretados equivocadamente”, explicou Onyx, que é bastante próximo de Weintraub e responsável por indicá-lo à pasta de Educação.

Estadão