Onyx nega reforma ministerial

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Foto: Jorgem William/Agência O Globo

Protagonista da mais recente crise do governo do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, ganhou sobrevida no fim de semana e permanecerá no comando da pasta. O auxiliar do Palácio do Planalto negou que sua substituição tenha sido cogitada e descartou que uma reforma ministerial esteja no radar do chefe do Poder Executivo. Hoje, o ministro representará Bolsonaro, que estará em São Paulo, na entrega da mensagem presidencial ao Congresso Nacional, em sessão que marca a volta dos trabalhos do Poder Legislativo após o recesso parlamentar. A atribuição foi publicada em edição extra do “Diário Oficial da União” (DOU) de ontem.

Em meio aos rumores de saída, Onyx encontrou-se no sábado com Bolsonaro. Após uma hora de reunião, o ministro deixou o Palácio da Alvorada com discurso otimista, afirmando que “fica tudo igual”. “O presidente já me deu uma série de determinações. As coisas vão continuar a seguir o seu rumo normal”, disse.

O titular da Casa Civil antecipou o fim das férias e retornou à Brasília, por causa da crise política. Na semana passada, Bolsonaro demitiu o ex-secretário da pasta, Vicente Santini, após revelação de que ele, enquanto ocupava a titularidade interina do ministério, usou avião da Força Aérea Brasileira (FAB) em viagem ao exterior. Fernando Moura, outro auxiliar de Onyx, também foi dispensado. Além da demissão dos aliados, o presidente transferiu o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) da Casa Civil para o Ministério da Economia. Para Onyx, o episódio Santini é “carta virada”. No caso do esvaziamento de sua pasta, minimizou dizendo que não tem fome de poder. “Não preciso de mais poder. Já temos uma atribuição e uma responsabilidade gigantesca. Ninguém aqui tem fome de poder. A gente tem fome de servir a sociedade brasileira. Essa não é uma missão só nossa e para quem tem fé essa é uma missão que vem de Deus”, acrescentou.

Durante a crise, aliados do próprio Onyx e interlocutores de Bolsonaro indicaram que o ministro continuaria no governo, em função da proximidade com o presidente. Chegou-se a especular que ele seria transferido para o Ministro da Educação, da Cidadania ou do Desenvolvimento Regional.

Em entrevista ao Valor no sábado, Onyx disse que Bolsonaro não cogitou em nenhum momento demiti-lo ou transferi-lo para outro ministério da Esplanada. “Fico na Casa Civil. O presidente Bolsonaro nunca cogitou a minha saída da Casa Civil. Em nenhum momento, se cogitou minha ida para qualquer outro ministério”. Para ele, a possibilidade de o presidente fazer uma reforma ministerial está “completamente” descartada.

Antes mesmo da conversa, o ministro estava convicto de sua permanência por não acreditar na possibilidade de ser “traído” pelo presidente. Ele é visto como um aliado de primeira hora, já que apostou na candidatura de Bolsonaro quando ele ainda não despontava nas pesquisas. A interlocutores, ele já tinha adiantado que preferia permanecer na Casa Civil, mesmo com a atuação cada vez mais limitada da pasta. Um deslocamento para outro ministério seria visto como “uma protelação da crise”. Em sua avaliação, o remanejamento não representaria um desfecho para o desgaste e colaria nele a imagem de “ministro enfraquecido”.

Segundo fontes, a boa relação de Onyx Lorenzoni com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), contribuiu para que ele não fosse remanejado do cargo. Ele é dos poucos auxiliares do Planalto com interlocução com os chefes do Poder Legislativo.

Ainda que tenha perdido a atribuição de articulação política para a Secretaria de Governo, comandada por Luiz Eduardo Ramos, Onyx contribui nas negociações, já que os militares enfrentam dificuldades de relacionamento com os parlamentares. Ramos foi criticado por líderes partidários em mais de uma oportunidade.

Onyx minimizou o esvaziamento de suas atribuições ao ser questionado a transferência do PPI para o ministério comandado por Paulo Guedes. “A decisão é do presidente assim como ele tomou outras, como transferir a Cultura da Cidadania para o Turismo”.

Valor Econômico