Trump é absolvido de impeachment e segue na Presidência

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Foto: Leah Millis/AFP

Conforme era esperado, o Senado americano absolveu o presidente do país, Donald Trump, das acusações de abuso de poder e obstrução de Justiça, encerrando a principal acusação do julgamento de impeachment que dividiu ainda mais os dois partidos políticos e forneceu um cenário amargo para a campanha presidencial de 2020.

Na acusação de abuso de poder, o placar final foi de 52 votos pela inocência, e de 48 pela culpa. A votação seguiu quase inteiramente linhas partidárias, com uma única exceção — o republicano Mitt Romney desertou e votou a favor da destituição de Trump. Eram necessários 67 votos, uma maioria de dois terços, para o presidente ser removido do cargo.

A deserção de Romney foi a primeira em um caso de impeachment do partido no poder até hoje. Da mesma maneira, nunca antes o partido opositor — no caso, o democrata — tinha votado unanimamente a favor da destituição.

Na segunda votação, na acusação de obstrução de Justiça, Romney votou junto de seu partido, enquanto os democratas permaneceram unidos, o que fez com que o placar fosse de 53 a 47.

O Senado controlado pelos republicanos realizou o seu voto histórico — apenas o terceiro na História dos EUA — às 18h. A Câmara dos Deputados, liderada pelos democratas, havia aprovado as acusações em 18 de dezembro.

Romney, o candidato presidencial republicano de 2012, que já havia criticado Trump por outros assuntos, disse que o presidente era “culpado de um abuso terrível da confiança pública” e que sua decisão foi tomada por uma “convicção inevitável de que meu juramento perante Deus exigia”.

— O que ele fez não foi perfeito. Não, foi uma flagrante agressão a nossos direitos eleitorais, nossa segurança nacional e nossos valores fundamentais. Corromper uma eleição para manter-se no cargo é talvez a violação mais abusiva e destrutiva do juramento de cargo que eu possa imaginar — afirmou.

Se tivesse sido condenado, Trump, o 45º presidente dos EUA, teria que entregar seu cargo ao vice-presidente Mike Pence.

Depois de enfrentar o capítulo mais sombrio de sua Presidência, Trump, de 73 anos, tem o caminho livre para a candidatura à reeleição nas eleições de 3 de novembro. Na noite desta terça-feira, ele proferiu uma fala triunfal no tradicional discurso sobre o Estado da União, no qual afirmou que os Estados Unidos “nunca estiveram melhores”.

Antes da votação, os senadores fizeram uma série de discursos explicando suas decisões no julgamento.

Trump foi acusado de pedir à Ucrânia para investigar o ex-vice-presidente Joe Biden e seu filho Hunter, assim como por ações subsequentes do presidente para bloquear depoimentos e documentos solicitados pela Câmara durante a investigação de impeachment.

Os democratas acusaram Trump de abusar de seu poder ao reter US$ 391 milhões para ajudar a Ucrânia a combater separatistas apoiados pela Rússia. A retenção, segundo os democratas, foi uma alavanca para pressionar Kiev a ajudá-lo a difamar Biden, que está buscando a indicação do Partido Democrata para desafiar Trump em novembro.

Trump negou irregularidades e a maioria dos republicanos na Câmara e no Senado se uniu a ele. Nos últimos dias, alguns senadores republicanos criticaram o comportamento do presidente, mas disseram que não justificava sua expulsão.

O Globo