Bolsonaro se desvincula de ataque do filho à China

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Foto: Carolina Antunes/PR/Flickr

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira, 20, não ter “nenhum problema” com a China e que, se precisar, pode ligar para o presidente chinês, Xi Jinping, para colher experiências de combate ao novo coronavírus. Segundo Bolsonaro, não há motivos para o País se desculpar com os chineses, após o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), seu filho, responsabilizar o país pela pandemia do novo coronavírus. “Eu cometi algum crime? Fiz alguma acusação? Me responda. Por que você não pede desculpa então? O governo brasileiro está muito bem com a China”, afirmou o presidente a jornalistas ao deixar o Palácio da Alvorada.

O governo Bolsonaro foi obrigado a se posicionar na quinta-feira sobre as declarações de Eduardo, que provocaram uma crise diplomática com o país que é o principal parceiro comercial do Brasil. Planalto e Itamaraty procuraram dissociar o fato do governo, mas a representação chinesa no País manteve o tom crítico ao filho do presidente. O episódio gerou constrangimento a autoridades políticas do País.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu desculpas ao embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, “pelas palavras irrefletidas” do deputado. Em nome do Senado, o vice-presidente da Casa, Antonio Anastasia (PSD-MG), enviou uma carta a Wanming também se desculpando e reforçando “respeito” ao povo chinês.

Questionado por jornalistas nesta quinta-feira sobre as declarações do filho “03”, afirmou que não iria opinar sobre o assunto, mas que era “página virada”. “Não há nenhum problema. Se tiver que ligar para o presidente (Xi Jinping), faço sem nenhum problema”, disse.

A publicação de Eduardo, feita na quarta-feira, 18, pelas redes sociais, foi repudiada pelo embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, que acusou o filho do presidente de ter contraído um “vírus mental”.

Bolsonaro afirmou que o contato com o país asiático poderia ser necessário para tratar da pandemia de coronavírus, que está em crescimento no Brasil.

“Tem uma questão muito maior que é o vírus. Lá, a curva está em descendência, os hospitais estão sendo desativados. Saber o que foi utilizado para chegar a esse ponto. Se houver necessidade eu ligarei sim, sem problemas. Faz parte do meu ofício uma atitude como essa”, disse.

Segundo o presidente, o governo federal e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está em contato com outros países sobre remédios e vacinas em testes. A expectativa é que haja algum medicamento disponível para quando o Brasil atingir o pico da disseminação da covid-19.

Bolsonaro também disse não estar preocupado com as manifestações contra ele dos últimos dias. “Não estou preocupado com panelaço, estou preocupado com saúde do povo. Qualquer panelaço é manifestação de democracia”, afirmou. Ontem, pelo terceiro dia consecutivo, pessoas saíram nas janelas de suas casas para bater panelas contra o governo em ao menos quatro cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Fortaleza.

Desde a quarta-feira, o presidente tenta minimizar os protestos. Na ocasião, chegou a divulgar a existência de outro panelaço, a favor do seu governo. A mobilização pró-Planalto foi registrada em pelo menos oito capitais.

Estadão