Bolsonaro se faz de vítima e ataca Congresso

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Foto: Sergio Lima / AFP

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira, 16, que a luta contra a pandemia do coronavírus no Brasil se dá num contexto de “luta pelo poder”. Ele reclamou dos ataques dos presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), respectivamente e afirmou que, depois de 15 meses “levando pancada”, agora vai começar a revidar. Questionado sobre a possibilidade de ser alvo de um pedido de impeachment, Bolsonaro respondeu que “seria um golpe se isolar chefe do Executivo por interesses que não sejam republicanos”.

“Está em jogo uma disputa política por parte desses caras (Maia e Alcolumbre)”, afirmou Bolsonaro em entrevista à Rádio Bandeirantes. “Grande parte da mídia, chefes do Legislativos e alguns governadores estão batendo o tempo todo. Estou há 15 meses calado, apanhando, agora vou falar.”

Bolsonaro disse que não se arrepende de, no domingo, 15, ter ido ao encontro de apoiadores em Brasília apesar de estar orientado a ficar em isolamento até refazer exames para o coronavírus. O presidente voltou a chamar de “histeria” o tema no País.

“Eu não convoquei o movimento (de domingo, 15). Tenho obrigação de saudar o povo. Se eu me contaminei, ninguém tem nada a ver com isso”, afirmou o presidente. “Não faço demagogia. Não faço populismo. Podemos ter problemas sim (por causa do coronavírus), pessoas com deficiência e idosos podem vir a óbito, mas responsabilizar o presidente por tudo isso pelo suposto péssimo exemplo é irresponsabilidade. É luta pelo poder”

Ao falar de sua relação com o Congresso, Bolsonaro reclamou de Maia e ironizou que ele, assim como o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), participaram de evento no Parque do Ibirapuera com mais de mil pessoas. “Estou pronto para conversar com o Congresso, mas há uma luta pelo poder.”

“Maia me chamou de irresponsável, fez um ataque frontal. Nunca tratei ele dessa maneira. É um jogo. Desgastar, desgastar, desgastar. Tem gente que está em campanha até hoje para 2022 dando pancada em mim o tempo todo. O (ministro da Saúde, Luiz Henrique) Mandetta esteve em São Paulo com o governador Doria e depois que terminou a entrevista o Doria começa a descer o cacete no governo. A elite política se reuniu em 1,3 mil pessoas na oca do Parque Ibirapuera e eu não posso chegar perto das pessoas na rua”

Bolsonaro disse que não se sente responsável pelas bandeiras levantadas pelos manifestantes que o apoiam nas ruas. Atos do domingo tiveram o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) como alvos principais. “Não fiz movimento nenhum contra o Legislativo ou o Judiciário. Não bota isso na minha conta. O que está em jogo? O Brasil está dando certo porque tudo mudou. Se eu estivesse entregando ministérios, dando dinheiro para a grande mídia, não estaria sendo questionado.”

Bolsonaro disse que o ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) foi colocado contra a “parede” pelo Congresso nas negociações sobre o Orçamento. Ramos participou de conversas para envio de projetos de lei que garantem ao Congresso o controle sobre uma fatia de R$ 15 bilhões neste ano, período de eleições municipais. Bolsonaro se manifestou contra a tentativa de entregar aos parlamentares a definição sobre a destinação desse dinheiro.

Os projetos estão pautados em sessão do Congresso nesta terça-feira, 17. Bolsonaro negou que haja um acordo para aprovação das propostas. De acordo com ele, o defeito do ministro Ramos, que conversou com lideranças da Câmara e do Senado sobre o tema, é ser “bastante inexperiente ainda”.

“O pessoal te bota na parede, botou o Ramos na parede para conversar (sobre) projetos para andar lá, compromissos futuros. Talvez o Ramos tenha se perdido um pouco pela sua imaturidade, inocência e honestidade”, disse Bolsonaro na entrevista.

Medida provisória editada no sábado, 14, transfere R$ 5 bilhões que seriam controlados pelo Congresso para o guarda-chuva do Executivo em ações de combate ao novo coronavírus. Bolsonaro manifestou interesse em recuperar os R$ 10 bilhões restantes indicados como emendas do relator do Orçamento.

“Se afundar a economia, acaba o meu governo, acaba qualquer governo. É uma luta de poder. Há por parte de alguns, não estou dizendo todos, irresponsabilidade nisso aí.”

Estadão