Brasil pode ter “toque de recolher” contra coronavírus

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Foto: Andre Porto/UOL

As autoridades sanitárias brasileiras estimam que a situação da pandemia do coronavírus, causador da Covid-19, se estenda no país por ao menos três meses. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em live, estimou que tudo voltará ao normal em até sete meses.

Para conter o novo vírus, o Ministério da Saúde planeja o endurecimento de regras de isolamento e estuda até mesmo decretar um “toque de recolher” se os casos subirem abruptamente. Medida semelhante foi adotada pela Argentina na última quinta-feira (19/03).

O assunto tem sido tratado em reuniões reservadas e vem ganhado musculatura com o apoio de uma ala de técnicos da pasta.

Eles entendem que uma parcela significativa da população desrespeita as recomendações de autoisolamento, como evitar frequentar praias e visitar familiares, quando está sob suspeita.

O Metrópoles ouviu duas fontes que têm participado das discussões e adianta alguns pontos importantes da medida.

Ligado à Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), um dos entrevistados explica que a ação é considerada pelo governo uma “medida muito forte”, mas que, a depender da curva de contágio, pode sair do campo das ideias.

“Avalia-se, sobretudo, a questão sanitária e de saúde pública. Mas controlar a circulação das pessoas impacta a economia. Isso tem reflexos em outros setores do governo e precisa ser negociado também com o Ministério da Economia e a Presidência da República”, destaca.

Na prática, o toque de recolher impede a circulação nas ruas, fecha comércio e suspende o funcionamento do transporte público a partir de um determinado momento. Quem desobedecer as regras, poderá ser punido.

A medida estudada pela equipe do ministro Luiz Henrique Mandetta não é inédita. Bolívia e Equador, além da própria Argentina, a adotaram contra o coronavírus.

Na Bolívia, todos os habitantes devem permanecer em casa a partir das 17h até 5h da manhã. A polícia faz o monitoramento das ruas.

Condições
Outra particularidade do toque de recolher que está sendo cogitado aderir no Brasil é o período de duração e como ele seria implantado nas cidades.

“O que é preciso ser avaliado nesta condição é o período de duração e por quanto tempo ele se estenderia. Na Bolívia, a título de comparação, o recolhimento dura 12 horas e está com vigência indeterminada”, pondera um interlocutor da Secretaria-Executiva do Ministério da Saúde.

O entendimento dos técnicos é que se os casos aumentarem rapidamente, o sistema de saúde pode não ter capacidade suficiente de atendimento e colapsar. Como a principal ação de controle hoje é o isolamento, controlar a circulação de pessoas pode ser uma alternativa eficaz.

Publicamente, o ministro Luiz Henrique Mandetta nunca falou sobre a medida. Contudo, o Ministério da Saúde afirma que ela não está descartada.

“As recomendações podem mudar dependendo das mudanças no panorama da doença no Brasil”, afirma a pasta, em nota enviada ao Metrópoles.

Atualmente, o governo adotou como medida de controle do vírus o isolamento domiciliar para evitar a disseminação, sobretudo para pessoas acima de 60 anos e doentes crônicos, e quarentena para casos confirmados e para aqueles que tiveram contato com infectados.

Metrópoles