Coronavírus desafia saúde pública na América Latina e Caribe

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Foto: Carlos Eduardo Ramirez/Reuters

A pandemia de coronavírus na América Latina e Caribe desafia os sistemas de saúde e a capacidade financeira de seus governos e alimenta temores sobre a propagação da Covid-19, especialmente nos bolsões de pobreza. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a região totalizava mais de 4.000 casos de contaminação confirmados e 44 mortes até a segunda-feira 23. Os dados sobre o Brasil, onde o primeiro caso latino -americano foi registrado em 26 de fevereiro, se mostram defasados. Há 1.891 casos e 34 óbitos até esta terça-feira, 24, segundo o Ministério da Saúde.

Embora quase todas as fronteiras terrestres já estejam fechadas e os voos dos países mais afetados estejam suspensos na maioria das nações latino-americanas, vários governos reforçaram as medidas de restrição à circulação de pessoas. Pelo menos quatro países decretaram contenção geral. A Venezuela, onde o sistema de saúde se mostra precário há anos para lidar com doenças menos contagiosas, foi o primeiro a impor quarentena, em 17 de março. A Argentina, submersa em grave crise econômica e social, está confinada desde sexta-feira 20, e a Bolívia aderiu à quarentena obrigatória no domingo 22, seguida pela Colômbia.

“Temos que ficar em casa 24 horas por dia porque esse é o caminho para derrotar o coronavírus”, disse a presidente interina da Bolívia, Jeanine Añez.

Na Guatemala, o toque de recolher foi declarado, e o Paraguai prorrogou a suspensão das aulas e de todos os eventos culturais e esportivos até meados de abril. No Equador, país com o terceiro maior número de mortes (7) na região, atrás do Brasil, os ministros da Saúde, Catalina Andramuño, e do Trabalho, Andrés Madero, renunciaram neste fim de semana. Andramuño discordou do orçamento destinado ao combate da epidemia. Madero contraíu o coronavírus.

Vários países já tiveram de adiar processos eleitorais. A Bolívia, ainda em crise política desde a renúncia do então presidente Evo Morales em outubro passado, suspendeu as eleições gerais marcadas para 3 de maio. O pleito seria marcado pela sucessão de Morales e por sua candidatura ao Senado. No Chile, também agitado por uma grave crise social, o referendo constitucional previsto para o final de abril foi adiado para 25 de outubro.

A Colômbia, onde mais da metade da população está em confinamento desde sexta-feira, tem enfrentado rebeliões em várias prisões. Pelo Twitter, o presidente Iván Duque prometeu garantir a tranquilidade do país. “Protegeremos suas vidas, mas não podemos aceitar rebeliões”, responder aos detentos.

Em Santiago, Chile, os espaços públicos foram esvaziados pelos moradores, e as manifestações contra o governo de Sebastián Piñera, paralisadas. Mas as praias a 100 quilômetros da capital ainda estavam cheias, o que suscita a preocupação das autoridades e a possível adoção de restrições mais duras.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que pedira ao Fundo Monetário Internacional (FMI) ajuda financeira de 5 bilhões de dólares para o combate à epidemia, recebeu resposta negativa do organismo por causa da “falta de clareza” sobre o reconhecimento do governo. “Lamentavelmente, o Fundo não está em condições de analisar a solicitação”. Os recursos, segundo Maduro, contribuiriam “significativamente para fortalecer nossos sistemas de detecção e resposta” diante da pandemia, que até agora contaminou 33 pessoas.

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