Despenca apoio a Bolsonaro nas redes sociais

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Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Arena em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sempre se sentiu muito à vontade, as redes sociais estão se tornando mais áridas para ele na crise do coronavírus. Além de ter tido postagens apagadas por Twitter, Facebook e Instagram, o chefe do Planalto está recebendo críticas, ainda que tímidas, até de sua base virtual mais fiel.

Desde o pronunciamento em rede nacional em que Bolsonaro aumentou o volume de críticas contra o isolamento social amplo contra o coronavírus, na semana passada, as críticas têm aumentado, segundo diferentes levantamentos. De acordo com a consultoria Torabit, por exemplo, 81% das manifestações nas redes sociais foram críticas a Bolsonaro logo após o pronunciamento do dia 24 de março.

As opiniões de Bolsonaro pesam nessas críticas, mas a economia também. Segundo a consultoria Bites, nos últimos sete dias, o interesse de internautas sobre o tema seguro-desemprego alcançou o maior nível das últimas 52 semanas. A busca que mais cresceu no Google nesse intervalo (600%), segundo a empresa, foi “como dar entrada no seguro-desemprego 2020”.

Nas redes, as críticas que mais abalam o bolsonarismo vêm de perfis de influenciadores que sempre foram fiéis a Bolsonaro, mas agora balançam.

O comunicador Milton Neves, apoiador assumido de Bolsonaro e seguido por dois milhões de perfis no Twitter, tem adotado e defendido o isolamento social em suas postagens, além de fazer críticas à fritura do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Ex-deputado federal pelo PSDB, mas bolsonarista de primeira hora, Xico Graziano não abandonou o presidente, mas também vem fazendo algumas postagens críticas, por exemplo, defendendo o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM):

Caiado, aliás, é outro aliado de Bolsonaro que rompeu com o presidente quando o assunto é coronavírus. Médico, o político tem defendido o isolamento social profundo como forma de frear a propagação do coronavírus.

Para ajudar a conter os efeitos econômicos da Covid-19, o governador goiano tem anunciado medidas como a prorrogação dos vencimentos de impostos como o IPVA.

O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PSC), que há dois meses recebia o presidente para uma reunião privada de quase duas horas e costuma ser prestigiado por ele, também está fazendo campanha pelo isolamento.

Entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), cujo próprio presidente, Robson Andrade, pegou coronavírus, não estão dando apoio aos apelos de Bolsonaro. Em artigo, Andrade defendeu “retomada segura e gradativa”, no “momento oportuno”.

Além das más notícias no terreno virtual, Bolsonaro tem sido alvo de panelaços diários nas grandes cidades, que ocorrem há 14 dias consecutivos. Até agora, porém, nada que o faça sinalizar uma mudança de opinião do tipo que ocorreu com o presidente norte-americano, Donald Trump.

Metrópoles