Eles bateram panela contra Dilma e, agora, contra Bolsonaro

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Foto: Miguel Schincariol/AFP

“Em 2014, votei no Aécio”, relembrou a advogada Natasha Pereira, de 33 anos, que entoou por diversas vezes o coro dos panelaços que pediam o impeachment de Dilma Rousseff, em 2015. Na terça-feira (24), Pereira voltou à janela de seu apartamento na Zona Sul de São Paulo, mas, dessa vez, para demonstrar sua insatisfação com o presidente Jair Bolsonaro.

Disse não ter votado em ninguém nas eleições de 2018 por estar fora do Brasil, mas que nunca engoliu o PT. A advogada contou que nutria esperanças de que a equipe econômica conseguisse colocar o país nos trilhos. Hoje, se diz desolada. Ela faz parte de um grupo cada vez mais estridente da classe média que, de tão insatisfeito com a gestão de Jair Bolsonaro, resgatou as panelas aposentadas com o impeachment da petista. Nele há expoentes dos mais variados matizes ideológicos.

Há eleitores de Aécio Neves, como ela, mas também entusiastas do governo Bolsonaro, como a advogada Anna Carolina Faria, de 33 anos. Ela prefere não revelar em quem votou em 2018, mas diz ter ficado “muito feliz” com a ida do ex-juiz Sergio Moro para o Ministério da Justiça. Moradora da Asa Sul, na capital federal, levantou panelas pela primeira vez em protesto ao presidente no dia 18 de março.

Sobre Bolsonaro, o desagrado se cristalizou durante a condução da pandemia do novo coronavírus. A engenheira química Ana Beatriz, de 26 anos, que pediu para que seu sobrenome não fosse revelado, mora em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde todas as noites desde 17 de março, o silêncio da quarentena tem sido quebrado pelo bate-bate de panelas contra o presidente. Eleitora de João Amoêdo (Novo) em 2018, ela não votou no segundo turno porque estava viajando. Participante dos panelaços contra a ex-presidente Dilma, voltou às janelas nas últimas semanas.

Em comum, as três não desejam o impeachment do presidente, diferentemente do que ocorreu cinco anos atrás, quando protestaram contra a petista. Afirmaram que o panelaço é apenas uma forma de demonstrar a insatisfação com as últimas decisões de Bolsonaro, sobretudo em relação ao novo coronavírus.

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