Em Brasília, população já estoca alimentos

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Foto: Reprodução

Inseguros quanto à propagação do novo coronavírus pelo Distrito Federal, brasilienses lotaram supermercados da capital nesta quinta-feira (12/03). Com máscaras nos rostos, consumidores optaram por fazer compras que durem mais tempo em casa para não precisarem sair mais vezes ao longo do mês.

Em decreto publicado nessa quarta (11/03), o governador Ibaneis Rocha (MDB) suspendeu as aulas nas escolas e universidades das redes pública e privada e proibiu aglomerações com mais de 100 pessoas por cinco dias, prorrogáveis por igual período.

Após a decisão, a aposentada Vilma Alves Teixeira, 63, disse ter sentido que este era o momento para sair menos de casa. Na tarde desta quinta, ela esteve no Atacadão Dia-Dia, na Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia) Sul, para adquirir alimentos que durem mais tempo em sua casa.

“Acho que só precisava desse gatilho para sair e comprar meus suprimentos, porque sinto que agora a motivação é real. Já vou cancelar outros serviços que eu tinha e esperar essa temporada passar para poder voltar ao normal”, comentou.

Para ir ao supermercado, ela decidiu sair de máscara, como forma de proteção. “Esse surto de coronavírus nos faz querer evitar maior exposição. Então, resolvi comprar suprimentos básicos, aquilo que eu posso usar por um tempo mais extenso”, disse ela.

Tânia Nunes, 65 anos, tem o hábito de fazer compras a cada semana. Temendo a contaminação pelo novo coronavírus, a dona de casa diz que só sairá da residência em caso de necessidade.

“Vivo no mercado, compro toda semana. Vi que nesta quinta está bem mais cheio do que o normal”, afirmou. “Mas eu tenho imunidade baixa, não posso pegar essa doença. Se eu tiver que comprar alguma coisa agora, meu marido é quem vai sair”, completou.

Na Super Adega, clientes tiveram que esperar em filas tanto para entrar no estacionamento do supermercado como para pagar os produtos no caixa. Para o supervisor do estabelecimento, Carlos Henrique Oliveira, o dia teve mais clientes que o comum durante a semana. “Hoje está diferente, com mais movimento.”

David Gibran, 47, esteve com a mãe, de 89 anos, no local nesta quinta. Preocupado com a saúde da idosa, que saiu de casa com máscara, ele disse que compraria mais alimentos do que costuma para não precisar retornar com ela ao supermercado nos próximos dias.

“A gente fica vendo as notícias de como está a situação e não tem como não ser impactado”, afirmou. “Fico com medo. Ela até tinha uma viagem marcada para o exterior e precisou desmarcar”, disse David.

Além de alimentos, os consumidores procuraram comprar itens de higiene em maiores quantidades nesta quinta. Entre esses produtos, o álcool em gel foi o mais visado pelos clientes. Conforme o Metrópoles mostrou no fim de fevereiro, já faltavam álcool e máscaras em farmácias do DF.

De acordo com funcionários da Super Adega, foram vendidos mais de 6 mil tubos de álcool em gel até o final da tarde. A venda já representa mais que o triplo do que vem sendo comercializado diariamente, segundo trabalhadores do estabelecimento.

Após o aumento nas vendas nesta quinta, o supermercado passou a restringir uma caixa – que contém seis tubos – para cada cliente.

Rosalda Rodrigues Alencar, 43 anos, sempre faz compras na Super Adega entre os dias 10 e 20 do mês. “Mas hoje eu até perguntei para os funcionários se estava tendo promoção, porque estava impossível de tanta gente”, ressaltou.

“Eu me surpreendi mesmo. Nunca vi o mercado assim. Acho que as pessoas vieram mesmo pelo medo, né? Preferem comprar tudo logo para se recolher depois. Tinha gente até brigando para comprar álcool em gel”, relatou. “Eu, sinceramente, estou com medo também. Estou bem receosa com essa pandemia de coronavírus”, acrescentou.

Conforme informou ao Metrópoles o presidente do Sindicato dos Supermercados do DF (Sindsuper), Gilmar Pereira, os estabelecimentos estão pedindo uma quantidade muito maior de álcool em gel aos fornecedores nos últimos dias.

“Quem antes vendia 10 caixas por mês, se tem 500 agora, vende as 500. Era uma venda tímida e agora, com esse surto de coronavírus, as pessoas procuram muito mais”, enfatizou.

Para o presidente da Sindsuper, o consumidor deve agir com maior prudência nesta época e não deve correr para estocar mantimentos, uma vez que essa ação poderia levar a um esvaziamento nos estoques dos supermercados.

“Os nossos estoques geralmente duram de 15 para 30 dias. Mas, numa correria, o abastecimento não acompanharia. Então, não incentivamos esse alarme todo. Pelo contrário, queremos que o consumidor não se desespere”, destacou Pereira.

Metrópoles