Maduro diz que EUA e Colômbia “se arrependerão”

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Foto: Manaure Quintero/Reuters

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse neste sábado (28) que os Estados Unidos e a Colômbia “se arrependerão” se agirem para capturar integrantes do alto escalão de seu governo, processados pelo governo americano, juntamente com o próprio Maduro, por tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e terrorismo.

“Dentro das nossas fronteiras — e digo isso porque nós, bolivarianos, dizemos o que vamos fazer — e fora das nossas fronteiras, se tocarem em um fio de cabelo de um único líder do nosso país, se arrependerão para o resto da vida”, ameaçou Maduro em entrevista por telefone à rede de televisão estatal “VTV”.

“Digo isso à oligarquia de Bogotá, à oligarquia colombiana, e digo o mesmo ao imperialismo norte-americano: não continuem a nos subestimar, podemos ir mais longe do que pensam”, prosseguiu.

Os EUA anunciaram na última quinta-feira a abertura de processos contra Maduro e 14 de seus colaboradores mais próximos, além de contra dois dissidentes do ex-grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), por tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e terrorismo.

Procuradores nos estados da Flórida e de Nova York, onde os processos foram apresentados, disseram que desde 1999, quando o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez tomou posse, o governo do país sul-americano participou de uma “conspiração violenta e corrupta” com as Farc para o tráfico de cocaína.

Supostamente, na Venezuela o esquema é liderada pelo chamado “Cartel dos Sóis”, cujo nome se refere à insígnia usada nos uniformes pelos militares venezuelanos de alto escalão.

Os promotores americanos afirmam que o “líder” desse suposto cartel é Maduro, que “pessoalmente” negociou com as Farc para fornecer armas e dialogou com outros países, como Honduras, para facilitar a passagem da cocaína por seu território.

“Deixem quieto quem está quieto”

Na última sexta-feira, Maduro já havia respondido a essas acusações e as rotulou de “vulgares” e falsas. Hoje, declarou que poderia ser apontado por quase tudo, menos tráfico de drogas.

“Queremos paz”, disse o presidente venezuelano sobre os constantes choques de seu governo com os Estados Unidos. “Deixem quieto quem está quieto, para que não tenham de se arrepender durante 200, 300 anos”, reiterou.

Um dos processados pelos Estados Unidos, o ex-militar Clíver Alcalá, que era próximo de Hugo Chávez e se distanciou de Maduro, entregou-se ontem aos agentes da DEA (agência americana antidrogas) na Colômbia.

“Nos encher de coronavírus”

Maduro também disse que, nas últimas 24 horas, seis novos casos de Covid-19 foram detectados na Venezuela, que com isso tem agora 119 pessoas infectadas pelo novo coronavírus.

O político defendeu as medidas tomadas pelo seu governo para conter as infecções e criticou os presidentes brasileiro e americano, Jair Bolsonaro e Donald Trump, por, segundo ele, não fazerem o suficiente contra a pandemia do novo coronavírus.

Além disso, ele acusou os EUA de elaborarem um plano para propagar maciçamente a Covid-19 na Venezuela e depois orquestrarem uma mudança forçada de governo através da violência.

“O plano deles era nos encher de coronavírus”, disse.

“Eles começaram a dizer no ‘Washington Post’, no ‘Miami Herald’ (que) ‘a Venezuela vai ser o novo epicentro do coronavírus. E quem é o novo epicentro do coronavírus? Os Estados Unidos”, acrescentou.

Ainda segundo a acusação de Maduro, após a disseminação do novo coronavírus na Venezuela, um setor da oposição tentaria um golpe de Estado, apoiado pelos Estados Unidos e pela Colômbia, no qual o próprio presidente e vários dos principais líderes do movimento chavista seriam assassinados.

A Venezuela disse na quinta-feira que frustrou este plano, que estaria relacionado com uma apreensão de armas na Colômbia.

No entanto, Maduro disse hoje que vários grupos irregulares “entraram” no país, e então pediu ajuda aos venezuelanos para “identificar quaisquer lugares suspeitos” onde “mercenários e paramilitares” poderiam estar escondidos.

R7