OMS reforça que a prioridade é conter o coronavírus

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Foto: Bryan R. Smith/AFP

A Organização Mundial de Saúde (OMS) voltou a reforçar nesta quarta-feira que os governos devem “pedir às pessoas que fiquem em casa” para tentar conter o avanço do novo coronavírus. Em sua teleconferência diária sobre a pandemia, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, foi questionado sobre declarações recentes do presidente Jair Bolsonaro de que a doença seria similar a um “resfriado”. Na mesma entrevista coletiva, o diretor-executivo do Programa de Emergências em Saúde da entidade, Mike Ryan, afirmou que entende o dilema econômico mas que a prioridade deve ser salvar vidas.

— Entendo o dilema de proteger as economias e os sistemas de proteção social, mas a prioridade deve ser conter a doença — disse.

Sem citar diretamente o chefe de Estado brasileiro, Ghebreyesus lembrou que em vários países há muita necessidade de atendimentos de urgência por causa da doença e alertou para a gravidade do quadro atual.

— Em muitos países, o coronavírus é uma doença muito séria. Como vocês sabem, a pandemia tem acelerado nas duas últimas semanas e, embora seja uma ameaça para todas as pessoas, o que é mais preocupante é o risco que o vírus representa para pessoas já afetadas pela crise — afirmou. — Acabar com a movimentação da população é ganhar tempo, e reduzir a pressão sobre os sistemas de saúde. Sozinhas, essas medidas não vão extinguir epidemias.

Mais de 3 bilhões de pessoas em quase 70 países ou territórios estão confinados ou em isolamento para combater a disseminação da doença, de acordo com um balanço realizado pela AFP. A maioria dos territórios afetados decretou o confinamento obrigatório, como é o caso da Índia, Reino Unido, França, Itália e Argentina. Outros decretaram toque de recolher, quarentena ou simplesmente emitiram restrições de circulação quase obrigatórias.

A OMS e outras entidades internacionais subordinadas à Organização das Nações Unidas, como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), lançaram nesta quarta-feira um Plano de Resposta Humanitária Global contra os efeitos do coronavírus. Ghebreyesus também insistiu na importância de haver condições adequadas para profissionais de saúde, dizendo que eles “são heróis, mas também são humanos” e correm riscos.

Na teleconferência, que contou também com o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, as autoridades detalharam medidas para ajudar no combate a doença nos países mais pobres e vulneráveis, pedindo apoio, inclusive financeiro, a essas iniciativas.

— A história nos julgará sobre como responderemos às comunidades mais pobres em sua hora mais difícil — afirmou Ghebreyesus.

O Globo