Panelaços contra Bolsonaro ocorrem pelo 12º dia consecutivo

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Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo

O som das panelas se vez ouvir mais uma vez na noite deste sábado, algo que se repete ininterruptamente por doze dias. Fazendo coro com o batuque, gritos de “Fora, Bolsonaro!” foram novamente ouvidos das janelas de diversas casas e apartamentos de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.

As manifestações começaram na noite do dia 17 de março e seguem até hoje, com diferentes graus de intensidade, em meio ao isolamento imposto pela crise sanitária do coronavírus. De lá para cá, muita coisa aconteceu.

Daquela terça-feira, quando havia 349 casos confirmados e apenas uma morte registrada no país, o número saltou para 3.904 casos e 111 mortes – conforme o último número do Ministério da Saúde. Um aumento exponencial, conforme autoridades de saúde já previam.

Daniel Azulay, o desenhista que encantou crianças e adultos pela TV nos anos 80, morreu. Martinho Lutero Galati de Oliveira, o maestro criador da Rede Cultural Luther King, morreu. A maestrina do Coral Paulistano, Naomi Munakata, que, por vinte anos foi regente do coro da Osesp, morreu. Antônio Felícia, atual prefeito do município de São José do Divino, no Piauí, morreu. Coronavírus é a causa que os uniu tão abruptamente.

Para estancar as consequências econômicas (já gravíssimas), Jair Bolsonaro defendeu isolamento vertical, isto é, apenas para os grupos de risco. Não houve consenso nem mesmo dentro de seu governo – o vice Hamilton Mourão e o ministro Paulo Guedes cobram quarentena; Luiz Henrique Mandetta, da Saúde, mudou o discurso e agora é a favor do isolamento só para idosos e doentes crônicos.

O ruído foi maior ainda entre os governadores. Numa reunião virtual com todos os 26 chefes do executivo, exceto o do Distrito Federal, eles optaram por seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde de isolamento reforçado. Um claro gesto de enfrentamento às decisões do presidente – acompanhado de perto pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, presente à reunião.

No turbilhão de anúncios, pronunciamentos à nação, coletivas de imprensa e mensagens nas redes sociais que, como uma avalanche, têm soterrado o cidadão de informações, por vezes conflitantes, ontem Bolsonaro ganhou uma batalha. A The Atlantic, uma das mais antigas e tradicionais publicações norte-americanas, o elegeu, à frente do presidente Donald Trump e do primeiro-ministro Narenda Modi, como o “líder oficial do movimento de negacionismo do coronavírus”. A astrologia parece fazer escola. Primeiro, o terraplanismo. Agora, o coronaplanismo.

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