Por causa do coronavírus, Bolsonaro adotará nova rotina

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Foto: Sergio Lima/AFP

Em meio à proliferação do novo coronavírus no país, o presidente Jair Bolsonaro deve adotar uma nova rotina nos próximos dias. Em reunião no Palácio do Planalto, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, apresentou uma cartilha de recomendações para diminuir a velocidade da transmissão do novo vírus no país ao secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Douglas Bassoli. Essas informações devem balizar novas orientações para Bolsonaro.

Gabbardo levou ao Planalto as recomendações gerais do Ministério da Saúde. Não eram regras específicas para o presidente da República. Porém, a tendência é que, a partir delas, o GSI, com a ajuda do médico da Presidência, o cardiologista Ricardo Peixoto Camarinha, tracem novas diretrizes para o presidente seguir. Apesar de ter voado na mesma aeronave presidencial que o secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten — infectado por Covid 19 —, o exame de Bolsonaro deu negativo.

Interlocutores do Palácio do Planalto afirmam que o novo protocolo de segurança será para impedir que o presidente contraia o vírus. A primeira medida tomada já ocorreu na sexta-feira, após o resultado negativo. Bolsonaro desceu do carro na porta do Palácio da Alvorada, como faz todas as vezes que chega ou sai da residência oficial, mas evitou se aproximar do público de 20 pessoas que o esperava no cercadinho instalado na entrada.

Sem máscara, o presidente manteve uma distância de cerca de cinco metros dos apoiadores e também não fez selfies com eles. Antes da pandemia de coronavírus, Bolsonaro costumava pegar na mão desses fãs, colocava na cabeça bonés oferecidos por eles, chegava a abraçá- los e aproximava o rosto para as fotos.

Outra medida de segurança já adotada foi o cancelamento da viagem para Mossoró, no Rio Grande do Norte, onde faria anúncios de ações do governo federal para o estado ao lado dos ministros do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho; da Justiça, Sergio Moro; e da Agricultura, Tereza Cristina.

Seria a primeira visita oficial de Bolsonaro ao Rio Grande do Norte, onde venceu as eleições no primeiro turno e acabou derrotado no segundo pelo candidato do PT, Fernando Haddad. E também a primeira agenda oficial de Rogério Marinho, que substituiu Gustavo Canuto no Ministério do Desenvolvimento Regional. Veio de Marinho a explicação para o cancelamento e a promessa de reagendamento em 60 dias.

— Infelizmente, tivemos que adiar esse nosso encontro em função de razões de segurança sanitária. A decretação da Organização Mundial da Saúde de uma pandemia mundial nos obriga a ter uma maior segurança com a figura do presidente da República e com as pessoas que estão no seu entorno — disse o ministro na última quinta-feira, em vídeo publicado no Twitter.

Também na quinta, antes do resultado do exame de coronavírus, Bolsonaro pediu a amigos que não o visitassem no Palácio da Alvorada até que ele recebesse a notícia. O presidente ligou para o ex-deputado Alberto Fraga (DEM-DF) para cumprimentá-lo pelo julgamento que o absolveu de uma condenação na Justiça do Distrito Federal e, durante a ligação, pediu que Fraga não fosse ao Alvorada, diante da suspeita de estar infectado com o vírus.

— O presidente me ligou para me cumprimentar. Eu sugeri ir lá para dar um abraço nele, mas ele me recomendou não ir até o resultado do exame porque teme estar infectado — afirmou Fraga, na tarde de quinta-feira.

O Ministério da Saúde recomenda que todo viajante internacional faça isolamento domiciliar por uma semana, a partir da data do desembarque. Bolsonaro voltou de missão oficial dos Estados Unidos na quarta-feira. Porém, não se isolou e só decidiu fazer os exames depois de Fabio Wajngarten identificar ter contraído a doença. Os resultados dele e dos seus familiares, porém, foram negativos.

Outra medida de precaução do Ministério da Saúde é desaconselhar viagens. O Gabinete de Segurança Institucional não informou quais das recomendações devem ser adotadas na nova rotina do presidente. Porém, segundo interlocutores do Palácio do Planalto, a expectativa é que ele siga em isolamento nos próximos 14 dias, até sair o resultado do terceiro exame.

Seguindo o protocolo da Operação Regresso, Bolsonaro passará por um novo exame para verificar se não contraiu coronavírus em sete dias e fará uma terceira verificação em 14 dias. Após esse procedimento, Bolsonaro está “liberado”.

A Operação Regresso foi a responsável por repatriar 34 brasileiros de Wuhan, na China. Na ocasião, apesar de os exames terem resultado negativo, os pacientes tiveram que repeti-lo três vezes. Segundo o Ministério da Saúde, embora esta não seja a recomendação para resultados negativos e assintomáticos, Bolsonaro passará pelo mesmo procedimento utilizado na operação.

O Globo