Radicalização de Bolsonaro preocupa militares

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Mateus Bonomi/Folhapress

A cúpula militar brasileira acompanha com preocupação o isolamento de Jair Bolsonaro na crise da pandemia do coronavírus.

Teme que o presidente, visto como instável e num momento de particular agressividade reativa, fomente radicalismos que acabem por envolver as Forças Armadas.

Chamou a atenção de oficiais-generais dos três braços militares o presidente ter falado de anormalidade democrática em decorrência da crise.

Em entrevista na frente do Palácio da Alvorada na quarta (25), Bolsonaro defendeu sua criticada posição de evitar quarentenas para combater o contágio do vírus.

E vaticinou, sem ser questionado: “Caso contrário, o que aconteceu no Chile vai ser fichinha perto do que pode acontecer no Brasil. Se é que o Brasil não possa ainda sair da normalidade democrática que vocês [imprensa] tanto defendem”.

Depois, alegou que tais problemas viriam da esquerda, e não por sua iniciativa.

Não é a primeira vez que o presidente saca o espantalho chileno, os protestos que sacodem o país andino desde o ano passado.

Em outubro, pressionado no episódio em que postou vídeo chamando o Supremo de hiena, disse que convocaria as Forças Armadas caso houvesse distúrbios semelhantes aos do Chile, e que a esquerda latina tramava isso.

Há um instrumento legal para isso, o artigo 142 da Constituição, segundo o qual qualquer um dos Poderes pode convocar os fardados para garantir a ordem pública em caso de crise extrema.

Se hoje não há esquerda na rua a promover desordem, de que baderna falou Bolsonaro?

A única resposta no radar é uma crise social aguda decorrente da pandemia.

Folha