Suspensão de eventos esportivos gera impacto bilionário

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Foto: Eva Plevier/Reuters

Os adiamentos, cancelamentos e suspensões de eventos esportivos em massa pelo mundo por causa do coronavírus terão um grande impacto econômico. Ainda é cedo mensurar qual será o tamanho da perda, pois não se sabe por quanto tempo vão durar as paralisações. Porém, é possível estimar alguns valores de acordo com os investimentos envolvidos. A Fórmula 1, por exemplo, viu suas ações na bolsa caírem pela incerteza do início da temporada. Desde o início do ano, a empresa que cuida da modalidade perdeu 45% do valor de mercado, algo em torno de US$ 5 bilhões ( cerca de R$ 25 bilhões).

A maior parte da receita da F1 vem da venda de patrocínios e direitos de transmissão. A temporada de 2020 foi anunciada como a maior de todos os tempos, com 22 corridas intercontinentais. Antes do cancelamento do GP da Austrália, o GP da China já havia sido adiado. Agora, Bahrein, marcado para o dia 22 de março, e Vietnã, no início de abril, também foram adiados. A expectativa é que a temporada comece em maio. A taxa paga para Xangai receber a prova, por exemplo, é de US$ 33 milhões (quase R$ 150 milhões).Caso o número de corridas da temporada seja reduzido, as detentoras de transmissão podem pagar um valor menor, de acordo com o contrato.

A NBA, por exemplo, caso toda a temporada seja cancelada pode ter um prejuízo somado de até US$ 2 bilhões (mais de R$ 9 bilhões). Os executivos da principal liga de basquete do mundo fizeram uma teleconferência na quarta-feira e esperavam ao menos fazer os jogos sem público. Com a decisão de paralisar a temporada, os custos serão mais altos.

A eliminação de 1/5 da temporada da NBA significaria, segundo a Revista Forbes, uma perda de US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,5 bilhões) em ingressos, estacionamento e concessões. O valor pode chegar a US$ 1 bilhão (R$ 4,7 bilhões) considerando os patrocínios e a venda dos direitos de transmissão de TV. Caso não haja os playoffs, as perdas são maiores uma vez que os ingressos são mais caros. Os ganhos relacionados às transmissões chegam a US$ 24 bilhões (mais de R$ 100 bilhões) no período decisivo, contabilizando os comerciais. Estima-se que 62% dos US$ 1,7 bilhões em gastos com publicidade da temporada de 2019 foram nos playoffs.

A liga universitária também será afetada financeiramente pelo coronavírus. Mark Emmert, presidente da NCAA, disse que a organização deve perder dezenas de milhões de dólares em receitas de ingressos. O “March Madness”, principal campeonato universitário, gerou quase US$ 1 bilhão (R$ 4,85 bilhões) no ano passado.

“Não é possível chegar a números exatos até ver o quanto isso vai piorar e quanto tempo vão durar os cancelamentos nos esportes e no entretenimento”, diz David Carter, professor da Universidade do Sul da Califórnia e especialista em negócios e marketing esportivo, ao jornal inglês “The Guardian”, ressaltando que há esportes mais dependentes dos acordos de direitos de transmissão, como NBA e NFL e outros das receitas dos estádio.

A MLS, liga de futebol dos Estados Unidos, suspendou os jogos por 30 dias. Todos os clubes são muito dependentes das receitas dos estádios. Os direitos de transmissão são uma parcela baixa da arrecadação.
O “Player’s Champions” torneio mais rico do Golfe, que distribui US$ 15 milhões em prêmios, teve início na quinta-feira, ainda com público. A partir de agora o campeonato será disputado sem fãs pelo próximo mês. O impacto econômico do evento é estimado em US$ 150 milhões.

A ATP também decidiu cancelar todos os torneios masculinos de tênis pelas próximas seis semanas. Antes mesmo da medida tomada pela entidade, o Masters 1000 de Indian Wells foi suspenso no início do mês. Considerado o “quinto Grand Slam”, o torneio atrai mais de 450 mil pessoas e o evento tem um impacto econômico da ordem de US$ 400 milhões na região de Coachella Valley, segundo números recentes.

O Globo