“Vai pra Miami, Gado”, dizem neo paneleiros

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Foto: Amanda Peropelli/Reuters

Em uma rua de Laranjeiras, no Rio de Janeiro, – onde há certa confusão sobre o logradouro, frise-se, já que os Correios definem o local como Flamengo e moradores se sentem pertencidos ao Largo do Machado – os panelaços contra o governo Bolsonaro atingiram um limite ao chegarem à marca da décima segunda vez.

Confinados há 12 dias, vizinhos que antes batiam panelas e bradavam palavras contra e, é preciso reconhecer, a favor do presidente, parecem não estar resistindo ao experimento do confinamento.

O isolamento, capaz de produzir lindas cenas como a dos vizinhos que cantam ópera às 18h todos os dias e são aplaudidos por seus convivas de rua, trouxe a ingrata sensação de que estamos mais longe do diálogo do que nunca. No momento em que conversar e discutir, trocar ideias e se unir, parece ser ainda mais necessário.

A pandemia do coronavírus é real. Ficar em casa se faz necessário, segundo todas as diretrizes internacionais, nacionais, científicas. Insatisfação com rumos e medidas adotadas por governos, ao que parece, fazem parte da vida em uma democracia. Ainda bem. Poder discordar de quem discorda também é do jogo.

Mas nas Laranjeiras, Flamengo, Largo do Machado, que seja, talvez como num microcosmos do Brasil privilegiado, o que se ouve é que…ninguém se escuta. Enquanto alguns gritam “Fora Bolsonaro!”, outros esbravejam “Mito!”.

Com berros de “Comunista de iPhone”, “Vai para Miami”, “Gado” e “Vai trabalhar”, enquanto um morador usava um megafone e outro tocava “Cale-se” em um volume estratosférico, a noite de quarentena seguiu adentro. Muito silêncio.

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