Até assessores de Bolsonaro atacam Maia

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Foto: ANDRÉ BORGES/ESP. METRÓPOLES

A ala mais radical ou ideológica do bolsonarismo sempre olhou feio para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), apontado como símbolo de uma velha política que deve ser combatida. Até o final da última semana, porém, ainda havia uma “política de boa vizinhança”, forçada, que ruiu de vez quando o presidente Jair Bolsonaro partiu para o ataque, acusando o parlamentar, entre outras coisas, de tramar tirá-lo do cargo.

Os ataques de Bolsonaro deram início a uma caçada virtual contra o presidente da Câmara. Desde a noite dessa quinta-feira (16/04), quando o chefe do Executivo reclamou da versão aprovada pela Câmara da ajuda federal a estados e municípios, influenciadores digitais do bolsonarismo começaram a alvejar Maia em todas as redes sociais e em grupos da militância em aplicativos como o WhatsApp.

Ao longo dessa sexta-feira (17/04), as menções a #ForaMaia ultrapassaram 1,2 milhões de postagens no Twitter, segundo a própria plataforma, e se mantiveram no topo dos chamados trending topics, os assuntos mais comentados na rede.

Como prova de que uma crise entre poderes da República se desenvolve com rapidez, autoridades do Executivo, vinculadas institucionalmente a Bolsonaro, não se constrangeram de atacar Maia abertamente.

Na postagem abaixo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, retuíta provocação feita por Arthur Weintraub, irmão do ministro da Educação e assessor direto de Bolsonaro, com sala no Palácio do Planalto. Os dois ironizam, com a acusação de que a hashtag contra o presidente da Câmara foi movimentada por perfis robotizados.

 

O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, foi mais longe e fez várias postagens pedindo o “fora Maia”. O gestor do órgão responsável por promover a cultura negra se notabilizou por suas opiniões polêmicas quando chegou ao governo. Ele é crítico de figuras históricas como Zumbi dos Palmares, não gosta do movimento negro e acredita que o racismo no Brasil até existe, mas é episódico e não estrutural.

 

Motivos para a saída de Maia da presidência da Câmara ou maneiras pelas quais isso poderia ocorrer pouco aparecem na campanha #ForaMaia, mas seus críticos lembram sempre que o político foi citado em delações e aparece em uma suposta lista de propinas da construtora Odebrecht sob o apelido “Botafogo”.

É com isso que brinca outro filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro:

 

Rodrigo Maia foi investigado após ter sido citado, mas nunca foi condenado ou ao menos se tornou réu por corrupção.

O presidente da Câmara está tentando baixar a temperatura da nova crise e não desferiu ataques a Bolsonaro em resposta. “Ele joga pedras, o Parlamento joga flores”, respondeu, ainda na quinta-feira da semana passada.

Metrópoles