Bolsonaro esconde que país já não crescia antes da covid19

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Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil

A economia brasileira estava “praticamente voando” e tudo daria certo “num curto espaço de tempo” não fosse a pandemia do novo coronavírus. Essa é a narrativa que o governo adotou para tentar amenizar os dissabores que serão gerados nos próximos meses, quando os efeitos econômicos da crise começarem a aparecer e a população apresentar a fatura para o atual ocupante do terceiro andar do Palácio do Planalto.

O discurso do presidente Jair Bolsonaro ontem, ao apresentar o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, exagera a perspectiva de avanço que a economia local estaria vivendo nos meses que antecederam a escalada da pandemia no país.

As promessas de campanha e de início de mandato – eliminação do rombo das contas públicas no primeiro ano de governo, crescimento forte do PIB, aprovação de reformas estruturantes e um pacote robusto de privatizações – sofreram, desde o começo, um forte choque de realidade.

O país começou 2020 ainda com um robusto rombo nas contas públicas e com perspectiva de equilibrar esse resultado em anos, não em meses. As reformas aprovadas em 2019 se resumiram à Previdência – resultado que deve ser creditado ao Congresso. A agenda de privatizações continua sendo uma agenda. Nenhuma estatal de porte passou para as mãos da iniciativa privada. E o PIB teve uma expansão menor do que a registrada nos dois anos anteriores. Para fechar o pacote, a taxa de desemprego manteve-se praticamente inalterada.

A perspectiva para 2020 era mesmo positiva no início do exercício. Mesmo sendo um ano de eleições, o Congresso mostrava-se disposto a discutir as reformas tributária e administrativa. O otimismo se refletia na Bolsa, que registrou em janeiro novo recorde.

Mas a estimativa de crescimento apresentada por especialistas no início do ano – 2,30% segundo levantamento feito pelo Banco Central em janeiro – estava longe de ser classificada com uma taxa de expansão robusta.

Para manter a analogia aérea do presidente, o país havia decolado, mas ainda faltava muito para atingir a altitude de cruzeiro.

O Globo