Bolsonaro ressuscitou Roberto Jefferson

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Foto: Marcos Michael/VEJA

Autor das denúncias que ajudaram a desnudar o esquema do Mensalão em 2005, cassado pela Câmara dos Deputados naquele ano por corrupção e preso em 2014 pelo mesmo motivo, o ex-deputado federal Roberto Jefferson foi ressuscitado politicamente nesta semana ao sair defendendo enfaticamente – e sem apresentar qualquer prova – que o presidente Jair Bolsonaro está sendo vítima de uma tentativa de golpe.

Em menos de uma semana, ele defendeu sua tese em entrevista à rádio Jovem Pan, em uma livre no canal do bolsonarista Oswaldo Eustáquio no YouTube – que teve quase 2 milhões de visualizações – e em uma outra entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Segundo Jefferson, o golpe contra o presidente seria uma grande conspiração envolvendo, entre outros, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) – este, o principal arquiteto da trama -, e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-RJ), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e boa parte dos ministros do Supremo Tribunal Federal e dos partidos de esquerda.

A tese de Jefferson ganhou ressonância nas redes sociais alavancada pelos perfis bolsonaristas, que já elegeram há tempos Rodrigo Maia como o principal inimigo de Bolsonaro. O discurso comum no bolsonarismo é que, da mesma forma que Jefferson desmascarou a corrupção nos governos petistas, ele está desmontando a trama golpista que ameaça Bolsonaro. Jefferson seguiu defendendo sua tese em posts no Twitter

 

Politicamente, Jefferson, que comanda o PTB há quase vinte anos – enquanto esteve preso, o cargo foi ocupado temporariamente pela filha Cristiane Brasil -, era uma figura decadente, sem muita relevância no meio político. O partido que comanda tem doze deputados na Câmara, mas é uma legenda menor dentro do Centrão, o bloco majoritário que reúne mais de 220 parlamentares.

Sua última tentativa de protagonismo se deu entre 2017 e 2018, quando articulou sem sucesso a nomeação da filha para o cargo de ministra do Trabalho do então presidente Michel Temer. A nomeação foi suspensa pela Justiça, em razão de condenações judiciais de Cristiane Brasil, e acabou revogada pelo governo.

O episódio marcou também o fim do domínio do PTB no Ministério do Trabalho, pasta na qual tinha influência desde o fim dos governos petistas. A atuação da legenda na pasta já vinha sendo colocada em xeque pela Operação Registro Espúrio, da Polícia Federal, que apurou um esquema de pagamento de propina para a concessão de registro a entidades sindicais. Entre os investigados, estava o então ministro Helton Yomura, que acabou afastado pelo STF, o próprio Jefferson e a sua filha Cristiane.

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