Bolsonaro volta a pregar contra isolamento

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Foto: Carolina Antunes/PR

O presidente Jair Bolsonaro acusou nesta quinta-feira, 30, governadores e prefeitos de não “achatarem a curva” de contágio do novo coronavírus. O presidente também questionou a veracidade dos números sobre as mortes doença.

“O Supremo Tribunal Federal decidiu, o placar foi a zero, que as medidas para evitar, ou melhor para fazer com que a curva fosse achatada, caberia aos governadores e prefeitos. Não achataram a curva”, disse.

“Governadores e prefeitos que tomaram medidas bastante rígidas não achataram a curva, a curva tá aí. Partindo do princípio que o número de óbitos é verdadeiros”, afirmou. Bolsonaro citou a imprensa quer “colocar no seu colo a responsabilidade por mortes” pela covid-19.

Ele questionou, em especial, os óbitos em São Paulo, Estado mais afetado pela doença. “Cada vez mais chega informações, que o próprio Diário Oficial lá do Estado de São Paulo que na dúvida (sobre a causa da morte) bota coronavírus para inflar o número para fazer uso político disso”, declarou.

Em mais uma crítica pública, Bolsonaro acusou o governador João Doria (PSDB-SP) de usar a pandemia de forma política. “É o governador gravatinha de São Paulo fazendo ‘politicalha’ em cima de mortos, zombando de familiares que tiveram seus entes queridos que morreram por vírus ou outra causa”, afirmou.

Segundo o presidente, “o governo federal fez tudo” que era possível para o combater o novo coronavírus e mencionou a liberação de liberação de verba para os Estados.

“Nós fizemos tudo que foi possível e mais alguma coisa. Agora cabe aos governadores gerir esse recurso. O que mais nós temos, por parte de alguns Estados, é desvio de recursos. É isso que está acontecendo. Por isso, precisamos da Polícia Federal isente, sem interferência para poder tratar desse assunto, para poder coibir possíveis abusos.”

Bolsonaro negou, contudo, que esteja em um “embate” com os governadores, a quem vem criticando a atuação desde o início da pandemia. “Esse problema (da pandemia) é para todo mundo resolver, não é para ser politizado.”

Sobre o desemprego causado pela pandemia, o chefe do Executivo citou que “milhões” de brasileiros já perderam seus trabalhos e que a volta da economia não será “rápida”. “Só não está uma desgraça maior porque fizemos esse plano emergencial para pagar os R$ 600 para as pessoas”. Ele destacou ainda que cerca de 30 milhões de cidadãos já receberam o benefício, mas pontuou que “muita gente se inscreveu de má fé”.

Um dos governadores mais atacados pelo presidente Jair Bolsonaro, Wilson Witzel (PSC-RJ) voltou a criticá-lo no Twitter na manhã desta quinta. O mandatário do Rio já havia feito publicações duras contra Bolsonaro na tarde de quarta. “Todo dia acordamos com esse pesadelo matinal que é a aparição do presidente Jair Bolsonaro diante da imprensa, em Brasília. Nenhum dia assistimos a qualquer ato de humildade do presidente, qualquer ato de boas intenções ou declarações que tranquilizem os brasileiros”, publicou o governador.

 

As críticas dele também recaem sobre o fato de o presidente questionar a eficácia do isolamento social. “São sempre discursos raivosos contra algo ou alguém. Para o presidente tudo é pessoal. Não é possível que até agora ele continue afirmando que o isolamento social não gerou resultados, numa opinião que não resiste a um embasamento científico, à avaliação de um especialista”, disse Witzel, que ainda prestou solidariedade à imprensa que cobre o governo Bolsonaro.

Estadão