Caiado orientou Mandetta a peitar Bolsonaro

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Foto: Reprodução

Foi no sábado, 10, após uma longa conversa com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, decidiu dar a entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, no domingo.

Na entrevista, Mandetta reclamou das atitudes do presidente Jair Bolsonaro contra a política de distanciamento social recomendada pelo Ministério da Saúde. “O brasileiro não sabe se escuta o ministro ou o presidente”, disse.

Caiado já havia decidido, antes, ele próprio bater de frente com Bolsonaro em relação à política de enfrentamento da pandemia provocada pelo novo coronavírus. Até então ele era o governador com maior proximidade do presidente da República.

A longa conversa de aconselhamento entre Mandetta e Caiado ocorreu logo após os dois se encontrarem com Bolsonaro na cidade de Águas Lindas, naquele sábado, durante a inauguração de um hospital de campanha montado pelo Exército.

Os dois combinaram não recuar diante das investidas de Bolsonaro contra o Ministério da Saúde e os governadores em geral.

Continuarão defendendo publicamente o distanciamento social e farão tudo para evitar que Bolsonaro jogue sobre seus ombros a responsabilidade pelas “muitas mortes” pela Covid-19 que preveem que ainda ocorrerão.

Para isso, Mandetta só pedirá demissão quando ficar evidente que o presidente está lhe mandando ir embora. Assim, não poderão acusá-lo de abandonar o barco. De tão irritado com seu subordinado, Bolsonaro está prestes a fazer-lhe a vontade e mandar que deixe o governo.

O desfecho pode ocorrer nas próximas horas.

Médico como Mandetta, Caiado é apontado pelo ministro como “o único amigo de verdade” que fez no Congresso nacional, durante seus oito anos de mandato como deputado federal eleito por Goiás.

Além de amigo e correligionário no partido Democratas, o governador tornou-se o chefe político do ministro no estado.

É em Goiás que Mandetta projeta seus próximos passos na política. Sempre em aliança com Caiado, seja em eleições para prefeito de Goiânia, senador ou até na sucessão do governador em 2022 ou 2026.

No encontro com o presidente, Caiado fez questão de desinfetar as mãos e oferecer álcool a Bolsonaro, obrigando-o a fazer o mesmo. Depois da cerimônia o governador carregou o ministro até a sua residência oficial na capital, Goiânia, onde conversaram longamente.

Também são constantes as conversas telefônicas entre Mandetta e o governador.

E isso deixa o presidente Bolsonaro mais irritado ainda com seu ministro da Saúde. Ele se considera traído por Caiado, que se aliou aos governadores do Nordeste e do Norte na política de distanciamento social durante a pandemia.

Agora Bolsonaro se sente alvo de uma trama urdida por dois ex-aliados -o governador e o ministro- em aliança com opositores como os governadores do Nordeste, do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Mas o presidente julga que Mandetta cometeu um erro ao enfrenta-lo publicamente na entrevista ao Fantástico. A partir dela perdeu o apoio que tinha de grupos dentro do governo, especialmente os militares. Bolsonaro só estuda o momento e a forma exata de demitir o ministro.

Uol